Malásia lança concurso sobre como "prevenir" a homossexualidade
O programa governamental convida os participantes a enviar vídeos que ilustrem “as consequências” de ser LGBT.
As autoridades de saúde da Malásia lançaram um concurso de ideias sobre como “prevenir” a homossexualidade e o movimento transgénero. A decisão gerou uma onda de críticas por parte de grupos activistas, que dizem que a medida incita o ódio e a violência para com a comunidade LGBT.
A verdade faz-nos mais fortes
Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.
As autoridades de saúde da Malásia lançaram um concurso de ideias sobre como “prevenir” a homossexualidade e o movimento transgénero. A decisão gerou uma onda de críticas por parte de grupos activistas, que dizem que a medida incita o ódio e a violência para com a comunidade LGBT.
Os activistas afirmam que a intolerância para com as pessoas LGBT tem aumentado nos últimos anos na Malásia, um país multi-étnico – de maioria muçulmana – no sudeste asiático. Nesta última controvérsia, o concurso lançado pelo Ministério da Saúde da Malásia convida os participantes a enviar vídeos que ilustrem as categorias propostas e, entre elas, há uma apelidada de “distúrbio da identidade de género”.
“Fiquei chocada. Isto é encorajar a discriminação, o ódio e até a violência para com as minorias”, disse Nisha Ayub, activista transgénero malaia que pertence à Seed Foundation, uma associação de solidariedade que trabalha com pessoas transgénero.
O ministério descreveu a distúrbio de identidade de género, também conhecido como disforia de género, citando exemplos de pessoas que são lésbicas, gay e transsexuais. As regras do concurso explicam que os vídeos enviados devem mostrar “as consequências” de ser LGBT, assim como “as formas de prevenir, controlar e como procurar ajuda”.
“O Ministério da Saúde deve olhar para problemas do sistema de saúde, mas em vez disso dão prémios às pessoas que enviarem esses vídeos. Isto é passar uma mensagem negativa para a nossa sociedade”, continuou Ayub em declarações à Reuters.
Subramaniam Sathasivam, porta-voz do Ministério da Saúde da Malásia, disse que não estava ciente do concurso e recusou-se a comentar o assunto.
O concurso inclui outras categorias como cibersexo e saúde sexual reprodutiva, citando exemplos como sexo pré-conjugal, gravidez na adolescência e o impacto do “sexo livre”. Os vencedores do concurso, que arrancou esta quinta-feira e decorre até 31 de Agosto, serão recompensados com prémios monetários que vão dos cerca de 200 aos 800 euros.
A homossexualidade é um tabu na Malásia, onde o sexo gay é criminalizado e punido com multas ou penas de prisão, que podem ir até aos 20 anos. Em 2012, as autoridades do país lançaram directrizes e organizaram seminários para pais e professores, de forma a estes conseguirem detectar sinais de homossexualidade nas crianças.
De acordo com estas directrizes, sinais de homossexualidade nos rapazes pode ser detectados através de preferências por t-shirts apertadas e de decote em bico e o uso malas grandes. Nas raparigas, as tendências lésbicas são reflectidas pela preferência em sair e dormir na companhia de mulheres.
As mesmas autoridades, no estado de Terengganu, no nordeste da Malásia, organizaram, em 2011, um campo para rapazes “afeminados” de forma a mostrarem como se poderiam tornar homens.