“Não é uma lembrança, é um projecto conjunto: Zeca e eu, Patxi Andión”
O cantautor espanhol Patxi Andión traz Zeca no Coração e vai cantá-lo assim. Esta sexta-feira em Lisboa, no CCB, e dia 5 no Porto, na Casa da Música.
Quando foram anunciadas as celebrações da vida e obra de José Afonso (1929-1987), por ocasião do 30.º aniversário da sua morte, o nome de Patxi Andión foi mencionado. A Associação José Afonso sugeria a possibilidade de um concerto com ele, integrado no programa das festividades. Patxi, basco nascido em Madrid (a 6 de Outubro de 1947) ou madrileno de ascendência basca, como se queira, cantautor tão ou mais conhecido entre nós do que na sua Espanha natal, explica ao PÚBLICO, em Lisboa, como surgiu a ideia. “Eu tenho contactos assíduos com a Associação José Afonso, especialmente o núcleo do Norte. Então, aqui há uns seis meses, eles propuseram-me fazer um concerto para assinalar os 30 anos da morte dele. Disse-lhes que faria mais sentido se fossem cantautores portugueses, mas eles insistiram para ser eu.”
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Quando foram anunciadas as celebrações da vida e obra de José Afonso (1929-1987), por ocasião do 30.º aniversário da sua morte, o nome de Patxi Andión foi mencionado. A Associação José Afonso sugeria a possibilidade de um concerto com ele, integrado no programa das festividades. Patxi, basco nascido em Madrid (a 6 de Outubro de 1947) ou madrileno de ascendência basca, como se queira, cantautor tão ou mais conhecido entre nós do que na sua Espanha natal, explica ao PÚBLICO, em Lisboa, como surgiu a ideia. “Eu tenho contactos assíduos com a Associação José Afonso, especialmente o núcleo do Norte. Então, aqui há uns seis meses, eles propuseram-me fazer um concerto para assinalar os 30 anos da morte dele. Disse-lhes que faria mais sentido se fossem cantautores portugueses, mas eles insistiram para ser eu.”
E Patxi aceitou. Mas pensou que seria melhor dar-lhe uma consistência de concerto, não de uma mera celebração ou homenagem.
“Eu e o Zeca conhecemo-nos em 1969, em Lisboa. Depois desse dia, nunca cantámos juntos, mas tivemos sempre uma relação com projectos. Ele tinha, concretamente, um projecto – foi ideia dele – de fazer um disco (não sabíamos se seria um ou dois) que se chamaria Poetas Ibéricos. Ele escolhia poetas espanhóis e fazia as músicas, e cantava eu. E, ao contrário, eu escolhia poetas portugueses e fazia a música, e cantava ele. Eu cantava a música dele na minha língua e ele cantava a minha música em português. Era muito bonito. Lembro-me que, quando falei disto ao responsável da editora discográfica, ele voltou-se para mim e perguntou: ‘Quem é este José Afonso?’ E eu tive de explicar.”
Agora, passados tantos anos, Patxi pensou recriar essa aproximação. “Não é uma lembrança, não é uma homenagem, mas que seja definitivamente um projecto conjunto: Zeca e eu.” E o músico espanhol vai, assim, cantar José Afonso, a par de canções suas.
“Foram as canções que se fizeram escolher. Ouvindo, cantando, foi assim. Vou cantar uma canção de que gosto muito, Verdes são os campos, com o poema de Camões; vou cantar a Balada do Outono, a Canção de embalar, Traz outro amigo também, Venham mais cinco e Natal dos simples. Mas não vou cantar Grândola vila morena, porque as bandeiras não podem ser usadas em qualquer circunstância.”
Do seu próprio repertório, Patxi escolheu uma lista em três andamentos: “Coisas que fiz, coisas que faço e coisas que virão. Aqui terei dois temas com o meu filho, Iñigo Andión, que vem como convidado também [Iñigo, hoje com 25 anos, estreou-se em disco em 2016, com Atiempo].”
Voltar ao trio de jazz
A Portugal, Patxi traz uma nova formação musical, que será a mesma com que está a gravar um novo trabalho, para 2018. “Já comecei a gravar o meu próximo disco, com canções novas, escritas nos últimos quatro anos. São 17 canções, duas variações e um poema. Mas eu só termino um disco quando acho que ele tem uma unidade e não repete o anterior. Este será muito mais reflexivo. Passaram vários anos desde Porvenir [disco de 2010], e as coisas mudaram muito. No dia 6 de Outubro, faço 70 anos. Estive onze anos com a mesma sonoridade no palco: eu, voz e guitarra; Guillermo McGill na bateria, Martín Leyton no contrabaixo e António Serrano nas harmónicas. Agora, volto um pouco à minha sonoridade antiga: piano, contrabaixo, bateria – o trio de jazz.”
Da formação anterior, só permanece Guillermo McGill, na bateria, os outros são novos. “No piano está um grande músico, Gabriel García Diego, com formação clássica no Berklee College. E no contrabaixo vem Josemi Garzon, também formado no Berklee, um músico espectacular. Nas gravações do disco, ele está a usar um contrabaixo de 1851!”
Depois de Porvenir, Patxi lançou um outro disco, Quatro Dias de Mayo (2014), gravado ao vivo em Portugal. Zeca no Coração, assim se chama o concerto que o traz de volta, tem convidados portugueses. Em Lisboa, no CCB, esta sexta-feira (21h00), estarão com ele Amélia Muge, Carlos Alberto Moniz e José Barros. No Porto, na Casa de Música, no próximo dia 5 (21h00); e em Évora, na Feira de S. João, no dia 28, mantêm-se Carlos Alberto Moniz e José Barros, juntando-se-lhes João Afonso, também cantautor, e sobrinho de José Afonso. E já está marcado um novo concerto em Lisboa, no Tivoli BBVA, no 1 de Novembro.