Venezuela, um país a saque
O número de emigrantes portugueses que optou por regressar ao país aumentou nos últimos meses e ainda aumentará mais caso a crise política e social se agudize
A Venezuela é cada vez mais um país inviável. A oposição a Nicolás Maduro manifesta-se todos os dias nas ruas da capital, Henrique Capriles, um dos seus líderes, foi agredido pela polícia, quatro estações de metro foram encerradas ontem e um bebé terá falecido num hospital por desidratação e desnutrição. Enquanto isso, a Goldman Sachs comprou quer acções da empresa estatal de petróleo, com um desconto de 69 por cento, quer títulos da dívida do país, o que levou Capriles, líder da Mesa da Unidade Democrática, a pedir explicações ao Governo de Maduro e o presidente do parlamento a criticar o banco de investimento por não se importar com os direitos humanos e de lucrar com o sofrimento do povo venezuelano.
A verdade faz-nos mais fortes
Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.
A Venezuela é cada vez mais um país inviável. A oposição a Nicolás Maduro manifesta-se todos os dias nas ruas da capital, Henrique Capriles, um dos seus líderes, foi agredido pela polícia, quatro estações de metro foram encerradas ontem e um bebé terá falecido num hospital por desidratação e desnutrição. Enquanto isso, a Goldman Sachs comprou quer acções da empresa estatal de petróleo, com um desconto de 69 por cento, quer títulos da dívida do país, o que levou Capriles, líder da Mesa da Unidade Democrática, a pedir explicações ao Governo de Maduro e o presidente do parlamento a criticar o banco de investimento por não se importar com os direitos humanos e de lucrar com o sofrimento do povo venezuelano.
A Venezuela é um país a saque. E os portugueses, pequenos comerciantes em geral, são especiais vítimas disso; presas fáceis de uma crise económica que destrói os seus investimentos de décadas, de ameaças de expropriação por parte do Estado ou de extorsão às mãos de grupos paramilitares. Inevitavelmente, o número de emigrantes que optou por regressar ao país aumentou nos últimos meses e ainda aumentará mais caso a crise política e social se agudize.
Esta realidade, que tem reflexos directos na Madeira, coloca vários problemas. Crescem o número de inscritos nos centros de emprego, de pedidos de habitação social, de Rendimento Social de Inserção, de autorização de residência para a segunda geração, ou de apoio para situações de emergência, nomeadamente nas questões de saúdes. Ninguém sabe quantos voltaram nem quantos poderão voltar. Percebe-se que seja mais fácil regressar quando há menos património a defender e que existam mais razões para permanecer quando se construiu toda uma vida sem pensar em voltar ao ponto de partida.
Certamente que a maioria voltará ao lugar de origem, a Madeira, neste caso, de onde são originários 80 por cento dos cerca de 500 mil emigrantes registados naquele país sul-americano. Mas há vários casos de emigrantes que optaram por outros países do Mercosul ou até por Espanha, por facilidades linguísticas, ausência de ligação a Portugal, ou falta de apoio por saturação das estruturas consulares. O agravamento da crise exige canais diplomáticos que consigam dar uma resposta eficaz ao aumento da pressão para deixar sair quem quiser abandonar o país.