Soares da Costa já entregou plano de reestruturação reformulado
Empresa conseguiu segurar o interesse da banca africana que aceita injectar dinheiro fresco na construtora. Processo já não deve ficar resolvido durante este ano judicial
O contador não voltou propriamente ao zero, até porque a administração da Soares da Costa quer acreditar que o muito já conseguido não foi, repentinamente, deitado por terra. Joaquim Fitas, presidente do conselho de administração daquela que foi uma das maiores construtoras nacionais, admite que os revezes têm sido muitos, mas ainda não há vontade de atirar a toalha ao chão: “Acredito que entregámos no tribunal um plano de reestruturação racional e exequível, que vai ser aceite pelos credores e garantir a viabilidade da empresa”, afirmou ao PÚBLICO.
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O contador não voltou propriamente ao zero, até porque a administração da Soares da Costa quer acreditar que o muito já conseguido não foi, repentinamente, deitado por terra. Joaquim Fitas, presidente do conselho de administração daquela que foi uma das maiores construtoras nacionais, admite que os revezes têm sido muitos, mas ainda não há vontade de atirar a toalha ao chão: “Acredito que entregámos no tribunal um plano de reestruturação racional e exequível, que vai ser aceite pelos credores e garantir a viabilidade da empresa”, afirmou ao PÚBLICO.
O novo plano de recuperação da empresa, reformulado após a decisão de não homologação por parte do juiz do tribunal de Comércio de Gaia no passado dia 4 de Maio, foi entregue esta terça-feira. Administração e accionistas perceberam que não lhes restavam muitas alternativas senão reequilibrar o esforço de perdão de dívida pedido aos credores. As recomendações do juiz do Tribunal de Comércio de Gaia passavam por não haver uma diferenciação nos cortes que eram pedidos aos credores africanos e aos europeus: a banca africana teria um haircut de 20% e a europeia 60%; no caso dos fornecedores, só os portugueses enfrentavam um corte de 50%, os de outra nacionalidade seriam integralmente ressarcidos.
“A nossa intenção nunca foi favorecer uns em detrimento de outros. Se houve tratamento diferenciado foi porque quisemos ter em conta a desvalorização cambial de quem deveria receber em kwanzas e meticais”, argumenta Joaquim Fitas. As alterações foram efectuadas e agora, admite o gestor, “estão reunidas as condições para, desejavelmente, este PER ser viabilizado”. De acordo com Joaquim Fitas, até a Caixa Geral de Depósitos, que votou contra o primeiro PER, pode alterar o seu sentido de voto, e viabilizar a proposta reformulada. “Tenho esperança que assim seja”, acrescentou.
Recorde-se que o montante das dívidas em que incorre a Soares da Costa atinge os 700 milhões de euros e que é na banca que residem os principais credores. Os 1200 trabalhadores constituídos como credores reclamam dívidas de 4,6 milhões de euros.
Joaquim Fitas confirmou ao PÚBLICO que a empresa conseguiu manter acordo para a linha de financiamento negociada com o Millennium Atlântico, uma participada do grupo BCP, de 45 milhões de euros, para enfrentar a reestruturação da empresa e uma outra, de dez milhões de euros, para assegurar a liquidez na execução das obras.
Entretanto, a Soares da Costa tem conseguido manter-se em actividade “diminuindo os custos e aumentando a eficiência”, mas com assumidas dificuldades. “Há uma administração tributária que concorda com o nosso plano de reestruturação. Mas essa mesma administração tributária não nos consegue passar a declaração de que estamos aptos a participar em concursos e a assinar a consignação de obras. Por causa disso já perdemos algumas”, admite o gestor, referindo-se por exemplo a empreitadas da Metro do Porto ou da Câmara de Grândola.
Com o processo nas mãos do juiz do Tribunal de Comércio, tem agora de ser nomeado um administrador judicial provisório. “Pedimos que fosse o mesmo, para não começar tudo de novo. Certo é que há muitos prazos a respeitar e este processo é tão complexo [pela dimensão do numero de credores, 1689; e pela sua dispersão geográfica] que nunca sabemos muito bem com o que contar. Provavelmente já não será neste ano judicial que conseguiremos ter este processo resolvido”, admitiu Fitas.