Quatro instrutores negam responsabilidades na morte de recrutas dos Comandos
O processo tem actualmente 25 arguidos constituídos e a acusação deverá sair até Junho.
Quatro sargentos instrutores do curso de Comandos, ouvidos nesta terça-feira pelo Ministério Público, refutaram responsabilidades na morte dos recrutas Hugo Abreu e Dylan da Silva e negaram ter infligido maus tratos, disse à agência Lusa o advogado dos arguidos.
A verdade faz-nos mais fortes
Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.
Quatro sargentos instrutores do curso de Comandos, ouvidos nesta terça-feira pelo Ministério Público, refutaram responsabilidades na morte dos recrutas Hugo Abreu e Dylan da Silva e negaram ter infligido maus tratos, disse à agência Lusa o advogado dos arguidos.
Varela de Matos contou que os seus constituintes foram ao Departamento de Investigação e Acção Penal de Lisboa para declarar "que não tinham qualquer responsabilidade nos trágicos acontecimentos" de 4 de Setembro de 2016 e que "nunca infligiram quaisquer maus tratos aos instruendos".
O advogado acrescentou que o processo tem actualmente 25 arguidos constituídos e que a acusação, segundo informou o Ministério Público (MP), "será deduzida até final de Junho".
O inquérito do MP investiga a morte dos dois recrutas e também factos relacionados com outros instruendos que receberam assistência hospitalar, durante o treino do 127.º Curso de Comandos, na região de Alcochete, distrito de Setúbal, a 4 de Setembro.
Segundo o MP, num despacho de Novembro, a natureza dos crimes e a actuação dos suspeitos revelam "personalidades deformadas, (...) com vista a criar um ambiente de intimidação e de terror, bem como sofrimento físico e psicológico nos ofendidos, sujeitando-os a tratamento não compatível com a natureza humana".
Os envolvidos, adianta o despacho, tinham conhecimento que com as elevadas temperaturas que se faziam sentir e a privação de água, os instruendos não estavam em condições físicas e psíquicas de prosseguir a instrução. No entender do MP, "a actuação reiterada dos suspeitos" revela um "manifesto desprezo pelas consequências gravosas que provocam nas vítimas, tratando os instruendos como pessoas descartáveis".