Morreu o antigo ditador do Panamá Manuel Noriega
O antigo general tinha 83 anos. Estava em coma induzido desde Março. Governou o país da América Central de 1983 até à invasão norte-americana em 1989.
Manuel Antonio Noriega, o antigo general que liderou um regime brutal no Panamá durante a década de 1980, morreu aos 83 anos. Padecia de um tumor cerebral que obrigou a submetê-lo a uma cirurgia em Março. Estava desde então em coma induzido. Na noite desta segunda-feira, o seu estado de saúde agravou-se subitamente, segundo fonte panamiana citada pelo Guardian, até à morte do antigo ditador cerca das 23h locais.
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Manuel Antonio Noriega, o antigo general que liderou um regime brutal no Panamá durante a década de 1980, morreu aos 83 anos. Padecia de um tumor cerebral que obrigou a submetê-lo a uma cirurgia em Março. Estava desde então em coma induzido. Na noite desta segunda-feira, o seu estado de saúde agravou-se subitamente, segundo fonte panamiana citada pelo Guardian, até à morte do antigo ditador cerca das 23h locais.
A notícia foi avançada nesta terça-feira pelo actual Presidente do Panamá, Juan Carlos Varela, via Twitter. “A morte de Manuel A. Noriega encerra um capítulo da nossa história; as suas filhas e os seus familiares merecem um funeral em paz”, escreveu.
Noriega foi um homem forte do Panamá entre 1983 e 1989, altura em que foi deposto por uma intervenção militar dos EUA. O New York Times lembra que essa foi a maior acção militar norte-americana desde o final da Guerra do Vietname, que terminara em 1975.
A invasão, que teve início a 20 de Dezembro de 1989 e culminou com o ditador a entregar-se ao exército norte-americano a 3 de Janeiro de 1990, resultou na morte de quase mil pessoas. O ditador era um aliado ocasional dos EUA, trabalhando de perto com a CIA – o então director da agência, Bill Casey, tratava-o como “o meu rapaz” –, mas as ligações ao narcotráfico acabaram por impedir que continuasse à frente dos destinos dos Panamá.
Quando foi detido, numa casa em que se tinha escondido na fase final da Operação Causa Justa, Noriega teria consigo 8,2 milhões de dólares em sacos de dinheiro. O general foi transportado daí para Miami, para ser julgado por traficar estupefacientes para território norte-americano. Foi condenado a 40 anos de prisão em 1992 (mais tarde reduzidos a 30).
Cumpriu pena de prisão nos EUA e em 2007 a justiça norte-americana tinha intenção de o libertar por bom comportamento. No entanto, e após uma luta pela extradição, foi enviado para França em Abril de 2010, para responder a crimes de lavagem de dinheiro e tráfico de drogas. Foi condenado a sete anos de prisão. No ano seguinte, os EUA aprovaram que fosse extraditado para o Panamá, para cumprir pena de 20 anos pelo desaparecimento de oponentes políticos durante a década de 1980. A sua extradição aconteceria a 11 de Dezembro de 2011.
Em Junho de 2015, Noriega pediu perdão pelos crimes cometidos durante os anos em que esteve no poder. "Peço desculpa a quem se sinta ofendido, afectado, prejudicado ou humilhado pelas minhas acções, ou as dos meus oficias ao obedecer a ordens ou as dos meus subordinados, durante o tempo do meu governo civil e militar", declarou, num discurso transmitido pela televisão nacional.
Pablo Escobar e o cartel de Medellín faziam parte do seu círculo de relações. O El País escreve que foi “a sua habilidade para agradar” tanto aos EUA como à Cuba de Fidel Castro e à Nicarágua sandinista de Daniel Ortega, e ainda ao narcotráfico, que lhe abriram portas à liderança férrea que implementou no seu próprio país nos seis anos que se manteve no poder.
Manuel Noriega nasceu na Cidade do Panamá, em 1934. O seu treino militar foi feito em Lima, no Peru. Quando regressou ao Panamá, integrou a Guardia Nacional – a polícia militar do país que foi fundamental para a ascensão de Noriega a general, na sequência de um golpe palaciano no interior da organização já em 1983, e logo a seguir à Presidência. As ligações à CIA tinham décadas: Noriega foi recrutado pela agência norte-americana ainda nos anos 1950.