Temperatura nas cidades poderá aumentar oito graus Celsius até 2100
O aumento da temperatura terá como principais responsáveis o aquecimento global e o efeito “ilhas de calor urbano”.
A temperatura nas cidades mais populosas do mundo poderá aumentar até oito graus Celsius até 2100, segundo um estudo publicado, esta segunda-feira, na revista científica Nature Climate Change.
A verdade faz-nos mais fortes
Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.
A temperatura nas cidades mais populosas do mundo poderá aumentar até oito graus Celsius até 2100, segundo um estudo publicado, esta segunda-feira, na revista científica Nature Climate Change.
Esta projecção tem como base um cenário de crescimento contínuo das emissões de gases com efeito de estufa ao longo do corrente século. De acordo com o estudo, o aumento da temperatura terá como principais responsáveis o aquecimento global e o efeito “ilhas de calor urbano”, gerado pelo desaparecimento de zonas verdes a favor do aumento do betão e do asfalto.
Do aumento de temperatura projectado, cerca de cinco graus Celsius são atribuídos ao aquecimento global e os restantes graus ao efeito “ilhas de calor urbano”. São estas “ilhas” que tornam as cidades mais quentes do que os seus arredores e que acentuam, por exemplo, as vagas de calor e as respetivas consequências, nomeadamente um maior gasto de energia para baixar a temperatura dos edifícios.
Cerca de 5% das cidades mais populosas do mundo “poderão registar um aumento de temperatura de oito graus Celsius e mais”, disse, em declarações à agência noticiosa francesa AFP, Francisco Estrada, do Instituto de Estudos Ambientais (Holanda), um dos co-autores do estudo. Os investigadores, que estudaram uma amostra de 1692 cidades, também estimaram os custos deste cenário para as zonas metropolitanas.
Uma cidade classificada com uma dimensão mediana poderá perder o equivalente a 1,4% e 1,7% do PIB (produto interno bruto) por ano até 2050, e entre 2,3% e 5,6% até 2100, de acordo com a investigação.
“Para uma cidade mais afectada, as perdas poderão atingir os 10,9% do PIB até 2100", estimou a equipa de investigadores, que aponta medidas para combater o efeito “ilhas de calor urbano”, nomeadamente plantar mais árvores e criar zonas com vegetação em telhados e passeios.
As cidades representam 1% da superfície do planeta, mas consumem cerca de 78% da energia mundial e produzem mais de 60% das emissões de gases com efeito de estufa provenientes de combustíveis fósseis (gás, carvão, petróleo), segundo frisou a equipa de investigadores.
Em 2015, os 195 países-membros das Nações Unidas (ONU) aprovaram em Paris um acordo para limitar o aumento da temperatura do planeta em até dois graus Celsius em relação aos níveis pré-industriais.