Trudeau quer ver papa Francisco a pedir desculpas

O primeiro-ministro do Canadá visitou o Vaticano depois de ter marcado presença na cimeira do G7 durante o fim-de-semana.

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Este foi o primeiro encontro entre o papa Francisco e Justin Trudeau EPA/ETTORE FERRARI

Pedir desculpa em nome da Igreja Católica pelo papel que esta teve no sistema escolar “residencial” canadiano: foi este o pedido do primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau, ao papa Francisco, no primeiro encontro entre ambos, esta segunda-feira, no Vaticano.

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Pedir desculpa em nome da Igreja Católica pelo papel que esta teve no sistema escolar “residencial” canadiano: foi este o pedido do primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau, ao papa Francisco, no primeiro encontro entre ambos, esta segunda-feira, no Vaticano.

Durante os cerca de 34 minutos de conversa, Trudeau solicitou que o chefe da Igreja Católica peça desculpa pelo papel que esta teve na administração das “escolas residenciais” no Canadá.

As “escolas residenciais”, como foram apelidadas, criadas no século XIX e financiadas pelo governo canadiano e administradas pela Igreja (católica, anglicana e presbiterianas), eram locais para onde crianças indígenas eram levadas, ficando em regime de internato e proibidas de falar a sua língua e praticar os costumes da sua cultura.

As crianças – mais fáceis de moldar que os adultos – eram submetidas a um sistema de assimilação, em que o principal objectivo era aprenderem inglês e adoptarem o cristianismo como religião. A ideia seria que esse modo de vida que lhes era imposto passasse de geração em geração e que, eventualmente, as tradições indígenas desaparecessem por completo.

Cerca de 150 mil crianças foram submetidas a estas “escolas residenciais”, tendo sido retiradas das suas famílias e forçadas a entrar neste sistema escolar que visava integrar os indígenas na sociedade mainstream canadiana. A última escola deste tipo fechou em 1996.

A Comissão de Verdade e Reconciliação do Canadá apelou a um pedido de desculpas papal como parte do processo de recuperação dos sobreviventes. A comissão chamou ao sistema escolar “residencial” um “genocídio cultural”.