Manuais escolares oferecidos pelo Estado representam 6% do necessário

Barómetro da Associação de Famílias Numerosas avalia poupança no 1.º ano do 1.º ciclo em 30 euros.

Foto
Associação das Famílias Numerosas alerta para a impossibilidade de reutilização no 1.º ciclo Rui Gaudencio

Os manuais escolares oferecidos pelo Estado ou pelas autarquias representam apenas 6% do total dos livros necessários, segundo o barómetro da Associação Portuguesa de Famílias Numerosas, que apela ao alargamento desta medida.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

Os manuais escolares oferecidos pelo Estado ou pelas autarquias representam apenas 6% do total dos livros necessários, segundo o barómetro da Associação Portuguesa de Famílias Numerosas, que apela ao alargamento desta medida.

"Como consequência da política implementada no corrente ano lectivo de manuais gratuitos para o 1.º ano do 1.º ciclo, as famílias pouparam cerca de 30 euros, em média, face a 2015, gastando este ano cerca de 37 euros", refere o Barómetro Manuais Escolares promovido pela associação.

Para o 1.º ano do 1.º ciclo, as famílias tiveram que comprar, em média, menos um manual em comparação com o ano lectivo passado, adianta o estudo, lembrando que "a oferta se limita aos manuais, não abrangendo livros de exercícios". No próximo ano lectivo, os manuais serão gratuitos para todos os alunos dos quatro anos do 1.º ciclo, que frequentem escolas públicas.

Alguns pais disseram que preferiram comprar os manuais, uma vez que os teriam de devolver no final do ano. O inquérito aponta também que, no 1.º ciclo, não é possível reutilizar manuais escolares porque os alunos escrevem nos próprios livros "com muita força e os professores corrigem a caneta".

Considerando todos os ciclo de estudos, o Barómetro Manuais Escolares concluiu que o valor médio gasto por filho, no ano lectivo 2016/17, foi de 123 euros, valor inferior ao do ano anterior, de 131 euros. "É no 3.º ciclo (7.º, 8.º e 9.º anos de escolaridade) que as famílias enfrentam maiores encargos, com um montante gasto de cerca de 160 euros por filho", refere o inquérito que decorreu no passado mês de Novembro e envolveu 1013 alunos.

O maior encargo médio registou-se no 11.º ano de escolaridade, com 182 euros, enquanto no ano de 2015/16 os maiores encargos se tinham sentido no 9.º e 10.º anos, com 203 e 221 euros, respectivamente.

"Quanto à reutilização de manuais escolares, o número médio de manuais reutilizados é de apenas um, tal como no ano passado. Somente no 3.º ciclo esse número sobe para três", sublinha o estudo.

Em média, os alunos necessitam de sete a oito manuais em cada ano lectivo, sendo utilizados cinco a seis manuais no 1.º ciclo, nove a dez no 2.º, dez a 11 no 3.º e seis a sete manuais no secundário;

Para a APFN, "é urgente" a adopção de boas práticas de reutilização, como a proibição de escrita nos manuais ou livros de exercícios, permitindo aos bancos de manuais escolares cumprirem a sua função.