Serralves escolhe Carles Muro para curador da área da arquitectura

O arquitecto e professor catalão já trabalhou com Álvaro Siza, e no seu caderno de encargos está a gestão dos arquivos que este doou à fundação portuense.

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O arquitecto e professor catalão Carles Muro (Barcelona, 1964) vai ser o primeiro curador adjunto da direcção do Museu de Arte Contemporânea de Serralves (MACS) para os programas de arquitectura. A escolha foi já feita no início deste ano, na sequência de um concurso internacional que contou com 170 candidaturas de diferentes países, e Muro vai iniciar as suas funções em Junho, tendo em vista a programação mais imediata, mas principalmente a da próxima temporada.

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O arquitecto e professor catalão Carles Muro (Barcelona, 1964) vai ser o primeiro curador adjunto da direcção do Museu de Arte Contemporânea de Serralves (MACS) para os programas de arquitectura. A escolha foi já feita no início deste ano, na sequência de um concurso internacional que contou com 170 candidaturas de diferentes países, e Muro vai iniciar as suas funções em Junho, tendo em vista a programação mais imediata, mas principalmente a da próxima temporada.

“Carles Muro tem um conhecimento profundo da arquitectura, e também da obra de Álvaro Siza, com quem já trabalhou no seu atelier no Porto”, diz ao PÚBLICO Suzanne Cotter, directora do MACS, justificando a escolha do arquitecto catalão. E acrescentou a importância de se tratar de alguém que associa “a prática da arquitectura com a investigação e o ensino”.

Carles Muro, formado na Escola Técnica Superior de Arquitectura (ETSA) de Barcelona, em 1991, fundou o seu próprio escritório na sua cidade natal dois anos depois. Desenvolveu actividade docente em duas escolas de Barcelona (ETSA e Universidade Politécnica da Catalunha), mas também em Londres (Association School of Architecture), e é actualmente professor associado de Arquitectura na Graduate School of Design da Universidade de Harvard, nos Estados Unidos.

“É interessante ele ter esses dois lados, além de que tem sensibilidade e ideias claras sobre o modo como podemos aproveitar os arquivos que Álvaro Siza doou a Serralves, para alargar a nossa programação de uma forma inteligente”, acrescentou Cotter.

A directora do MACS disse ainda que, mesmo se não integrou o júri do concurso, a opinião do arquitecto do museu “foi importante para a escolha”, como o foi a de outras figuras da arquitectura portuguesa, e também da Gulbenkian e de Mirko Zardini, o director de Centro Canadiano de Arquitectura (CCA), em Montréal, as duas outras entidades às quais Siza também doou partes dos seus arquivos.

“Quisemos assegurar que Siza estivesse ao corrente da nossa decisão, até porque ele não quer que o seu arquivo seja uma coisa fetichizada, isolada, antes o ponto de partida para uma reflexão sobre a arquitectura na sua relação com as artes e com o mundo actual”, acrescentou Cotter.

Na agenda mais imediata de Carles Muro para Serralves vai estar a programação de mais um ciclo de conferências Novas Perspectivas, que vai abordar precisamente a relação da arquitectura com as artes, e que em Julho incluirá um encontro de Siza com José Pedro Croft (os dois representantes portugueses nas bienais de arquitectura e de arte de Veneza em 2016 e 2017).

Para o Outono, e associada à exposição retrospectiva da obra de Jorge Pinheiro (a inaugurar a 22 de Setembro), o próprio pintor, ao lado de Pedro Cabrita Reis e Eduardo Souto de Moura, irá reflectir sobre a intercepção dessas disciplinas.

Suzanne Cotter anuncia também a realização, já no calendário da próxima temporada, de uma exposição dedicada ao arquitecto e urbanista Marques Aguiar.

Paralelamente a esta programação, Carles Muro vai ocupar-se ainda da inventariação dos 40 projectos que Álvaro Siza doou a Serralves, um trabalho cuja primeira fase, de identificação das peças, está já praticamente terminado, mas que “entrará agora numa fase mais profunda”, de criação de um serviço disponível para os investigadores interessados, e também de uma base de dados, em articulação com o CCA e a Gulbenkian.

No processo que levou à escolha de Carles Muro, e depois de analisadas as 170 candidaturas provenientes de países como a Espanha, Bélgica, Inglaterra, Suécia, Brasil e Estados Unidos, Serralves reuniu uma shortlist de sete candidatos, dos quais dois passaram à final. O arquitecto preterido foi um português, cuja identidade não foi revelada pela fundação.