Já marchava uma sardinha - as Festas de Lisboa estão aí e lá dentro cabem três continentes
A tradição popular lisboeta realiza-se desde 1932, mas também integra sinais e expressões culturais mais contemporâneas. E, além disso, há cinco sardinhas de parabéns.
As Festas de Lisboa arrancam na próxima quinta-feira, dia 1 de Junho, e o programa de animações está pronto. Durante um mês, a capital estará repleta de actividades que vão desde a música, a arte, o teatro e o cinema até às tradicionais marchas populares, aos arraiais e aos casamentos de Santo António.
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As Festas de Lisboa arrancam na próxima quinta-feira, dia 1 de Junho, e o programa de animações está pronto. Durante um mês, a capital estará repleta de actividades que vão desde a música, a arte, o teatro e o cinema até às tradicionais marchas populares, aos arraiais e aos casamentos de Santo António.
Mais de cinco mil participantes puxaram a brasa à sua sardinha na edição do concurso deste ano, mas só cinco conseguiram que lhes mordessem o isco. As vencedoras são Lata Ensardinhada (Joana Não), A Fanfarra (Ana Melo), Comadres (Patrícia Penedo), Mergulhador Apaixonado (Antonio Aragüez) e Mulheres Lisboetas (Miguel Angel Camprubi). O lema foi “Faça Você Mesmo” e apelou-se à criatividade, imaginação e originalidade sem restrições nas técnicas ou nos materiais.
No ano em que Lisboa é capital ibero-americana da cultura, o calendário das festas lisboetas procura aproximar os territórios através da partilha de traços que marcam a cultura de cada continente. “Inspirados por esta ideia de travessia oceânica, propomos uma viagem para descobrir e redescobrir os rastos das vivências e imaginários comuns, onde a poesia das palavras ganha outros ritmos. (…) Europa, África e América: três continentes separados pelo oceano Atlântico, mas também unidos por ele”, lê-se no programa das festas.
Desde os mais novos aos mais velhos, todos podem comparecer. As festas contam, desde o primeiro dia, com iniciativas pensadas para as crianças participarem, no seu dia, em família. De manhã, irá decorrer uma oficina de expressão plástica e de construção de instrumentos musicais no Padrão dos Descobrimentos com entrada livre. Na actividade “Agora eu era um Índio!”, as crianças vão ser transportadas até ao Brasil e descobrir como foi o encontro de Pedro Álvares Cabral com os índios.
No mesmo dia, às 19 horas, será lançado o livro ilustrado Brincar aos Fados no Museu do Fado. À mesma hora começa, na Praça do Município, a actuação da Orquestra Geração, um projecto pedagógico de inclusão social através da música, e da fadista Joana Amendoeira.
A iniciativa que dá arranque às festas deste ano é um colóquio sobre a “Devoção de Santo António em Portuga e no Brasil” no Auditório da UCCLA (União das Cidades Capitais de Língua Portuguesa), na Avenida da Índia, com início às 10h. No primeiro dia do mês de Santo António também começa a “Trezena de Santo António”, doze concertos de entrada livre durante doze dias na Igreja de Santo António de Lisboa.
Os tronos de Santo António estão de volta pelo terceiro ano consecutivo logo no início do mês. A exposição pelas ruas, portas e janelas da cidade decorre nos dias 3 e 4 de Junho.
Ao longo de quatro dias, os jardins do Palácio Pimenta, no Museu de Lisboa, vão receber o festival “Soy Loco por ti, América”. Desfrutar de literatura e música do Perú, Brasil, Cuba e Argentina, na companhia de artistas mundialmente reconhecidos, como é o caso de Susana Baca ou de Chico César, será possível durante os dias 15, 16, 17 e 18.
E como não podia faltar, as tradicionais marchas populares são um dos momentos cuidadosamente preparados. O desfile está marcado, como manda a tradição, para a noite de dia 12 de Junho, véspera de feriado, na Avenida da Liberdade às 21h. Além das três marchas convidadas de Leiria, Viseu e Quarteira, irão marcar presença as vinte marchas lisboetas (Alfama, Benfica, Madragoa, Alto do Pina, Carnide, Penha de França, Campo de Ourique, Bica, Castelo, Ajuda, São Vicente, Mouraria, Santa Engrácia, Alcântara, Marvila, Bela Flor – Campolide, Belém, Olivais, Graça e Bairro Alto).
Música, sardinhas e caldo verde: os arraiais
Outro dos momentos mais representativos destas festas são os arraiais populares. Com bailaricos, fado, caldo verde e sardinhas, decorrerão durante todo o mês pela cidade, nomeadamente em Alcântara, Avenidas Novas, Belém, Campolide, Carnide, Estrela, Marvila, Misericórdia, Olivais, Santa Maria Maior e São Vicente.
Durante o mês de festa, decorrerá a iniciativa “Instagramar à vontade do freguês!”, que incentiva todos a fotografarem algumas das 63 lojas com história da cidade, e a partilharem as imagens com o hashtag #lojascomhistoria.
As festas terminam no dia 1 de Julho com o espírito da música e das danças latinas, transformando a Praça do Comércio num enorme salão de baile à beira Tejo. O Terreiro do Paço é ocupado pelos Gipsy Kings, uma banda de rumba e flamenco, e pelos Los Van Van, um grupo de música cubano com 47 anos de carreira. As actuações das duas bandas irão durar três horas de espectáculo sem interrupções.
Nas Festas de Lisboa, convive o fado com o teatro e a literatura, o cinema, os festivais e os concursos. O programa completo deste mês repleto de diversão e cultura pode ser consultado em www.egeac.pt.
Texto editado por Ana Fernandes