Vírus "new age": comunicação

Alertamos os pais para a importância de vacinarem os seus filhos contra o novo vírus "new age". A falta de "vacina da realidade" tem levado a que novas infecções tenham tido lugar ultimamente

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qimono/ Pixabay

[«Levei com vacina da Realidade, ficou a mesma sendo banalidade. Tomei o comprimido da Verdade, houve interacção com a vacina, ia morrendo de toxicidade. Lá tive de ir ao Hospital no cume do monte, onde, enfermo, não pude ser paciente, com calma. Lavaram-me o estômago ciente, mas não o âmago da Alma.»

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[«Levei com vacina da Realidade, ficou a mesma sendo banalidade. Tomei o comprimido da Verdade, houve interacção com a vacina, ia morrendo de toxicidade. Lá tive de ir ao Hospital no cume do monte, onde, enfermo, não pude ser paciente, com calma. Lavaram-me o estômago ciente, mas não o âmago da Alma.»

in "A Síntese (im)Perfeita. Sobre o tempo, a culpa e o Nada" (Edições Mahatma, 2017)]

Alertamos os pais para a importância de vacinarem os seus filhos contra o novo vírus "new age". A falta de "vacina da realidade" tem levado a que novas infecções tenham tido lugar ultimamente.

Sobre o vírus "new age".

O vírus em causa existe, no seu primeiro formato, há milénios, mas sofreu, recentemente, novas mutações, tornando-se resistente às injecções de realidade.

As manifestações clínicas são:

- desadaptação social, dificuldades na socialização, com a possibilidade de ocorrerem estranhos surtos de alegria ou eloquência; - ensimesmamento;

- egofobia;

- carências afectivas e necessidade de ajudar, substituídas por fuga, no caso de a carência ter sido suprida;

- questionamento filosófico e espiritual, com períodos de estranha lucidez, e outros em que a verdade oficial se vê posta em dúvida;

- crença nas terapêuticas não convencionais, no retorno à natureza, nas energias, vegetarianismo, compaixão excessiva pelos animais, fobia dos medicamentos e das vacinas, como da ciência, da modernidade e da tecnologia; ecologismo e holisticismo;

- (com)passividade, pouca competitividade, por vezes, respeito pelo próximo, excessivo sentimento de culpa e moralismo. Os infectados podem passar por boas pessoas.

- estados de psicose, com períodos "zen", delírios espirituais e interpretativos, crença em viagens de transcendência e de que somos mais do que ego.

Recomendações:

- Vacine-se. As vacinas são seguras, a realidade injectada está atestada cientificamente, a ciência e a técnica possuem apenas atributos e boas intenções.

- Afaste-se de possíveis infectados, crie distância, este vírus é altamente contagioso.

- Tenha atenção às manifestações de uma possível infecção. Se começar a pensar, a ruminar em silêncio, a duvidar, se achar que há algo de anormal na realidade, se sentir dificuldades de integração, então tem motivos para se preocupar, e o melhor, mesmo, é ocupar-se. Os primeiros sinais poderão ser subtis, pouco notórios, o infectado vê-se a questionar(-se) e a ler livros de ciência. Mas a desadaptação eclode, os livros de ciência são trocados pelos de filosofia, os de filosofia pelos de espiritualidade e estes, quiçá, pelos de angeologia e receitas de bruxaria. Às tantas, vira a realidade ao contrário e já não é possível o regresso à normalidade. Não se deixe enganar. O infectado parecerá lúcido, mas cairá facilmente no delírio (não tente chamá-lo à realidade, ainda acaba você lúcido). Iniciará o interesse pelo "alternativo", suspeitará de tudo o que é químico, e tentará ser simpático com tudo e com todos. Os processos são artificiais e é egóico o que se diz sem ego. O infectado apelidará de "egóico" tudo o que não lhe agrade e de "espiritual" o que lhe aprouver. Considerará a sociedade "normal" doente e fingirá ser compassivo com a mesma. Tentará camuflar a desadaptação, a incapacidade de lutar, e preferirá muitas vezes meditar. Recomenda-se que não se relacione com um possível "infectado": se ele divisar em si um "escape", você está perdido, não conseguirá descalçar a bota e ele ainda o convence que é você quem está doente.