Líbano acolheu o primeiro Gay Pride árabe, apesar das ameaças
Pela primeira vez um país árabe organizou uma semana de Orgulho da comunidade LGBT. Radicais islâmicos ainda tentaram impedi-la, mas a celebração aconteceu mesmo.
Apesar das ameaças de alguns grupos islâmicos, culminou este domingo, em Beirute, no Líbano, a semana do Orgulho da comunidade LGBT. Foi a primeira vez que tal aconteceu no Médio Oriente. “Estes dias significaram um antes e um depois na vida gay, lésbica, bissexual e transgénero”, disse à Reuters Bertho Makso, o director do acontecimento, pertencente à organização Proud Lebanon, salientando a visibilidade obtida. “Antes operávamos de forma individualizada, fazendo actividades aqui e ali. Agora tivemos uma semana inteira de actividades, chegando a mais pessoas.” Outro dos promotores da iniciativa, Hadi Damien, afirmou tratar-se “de um encorajamento para a promoção da dignidade humana e da denúncia da violência baseada na diversidade de sexo e género.”
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Apesar das ameaças de alguns grupos islâmicos, culminou este domingo, em Beirute, no Líbano, a semana do Orgulho da comunidade LGBT. Foi a primeira vez que tal aconteceu no Médio Oriente. “Estes dias significaram um antes e um depois na vida gay, lésbica, bissexual e transgénero”, disse à Reuters Bertho Makso, o director do acontecimento, pertencente à organização Proud Lebanon, salientando a visibilidade obtida. “Antes operávamos de forma individualizada, fazendo actividades aqui e ali. Agora tivemos uma semana inteira de actividades, chegando a mais pessoas.” Outro dos promotores da iniciativa, Hadi Damien, afirmou tratar-se “de um encorajamento para a promoção da dignidade humana e da denúncia da violência baseada na diversidade de sexo e género.”
Depois de ter aceite, em 2004, a criação da Helem, a primeira associação gay da região e a publicação trimestral da organização, Barra, o Líbano reforçou, com a organização da semana do orgulho LGBT, a sua posição progressista em matéria de tolerância no mundo árabe. Mas as resistências continuam a fazer-se sentir na sociedade libanesa, com o artigo 534 do código penal a prever uma condenação de um mês a um ano de prisão, que poderá ser acompanhado de uma penalização de 120 a 600 euros, em caso de “relações sexuais contra-natura.” Apesar disso existem sinais de que Beirute tende a abrandar com as discriminações. Já este ano um tribunal optou por não criminalizar a homossexualidade, definindo-a como uma orientação ou opção pessoal, e em Janeiro deste ano foi legalizada uma mudança de sexo.
Na maior parte dos países da região, a homossexualidade, a bissexualidade ou a transexualidade podem envolver pesadas penas de prisão, execuções ou exclusões sociais. Aliás, o acto inaugural do evento acabou por ser encerrado depois das ameaças de um grupo radical islâmico, mas os restantes acontecimentos que se prolongaram pela semana não sofreram alterações. No total cerca de 4 mil pessoas participaram em mais de 12 eventos, entre conferências, festas e workshops, que tiveram lugar em Beirute e também fora da cidade.