Eurogrupo atira decisão sobre alívio da dívida à Grécia para 2018

Schäuble insiste em manter o FMI a bordo do resgate mas reconhece que negociações são difíceis.

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Dijsselbloem com o ministro grego das Finanças, Euclid Tsakalotos, na reunião desta segunda-feira em Bruxelas Francois Lenoir/Reuters

Antes de tocar o sino para dar início à reunião dos ministros das Finanças da zona euro onde nesta segunda-feira se discutiu o programa de resgate da Grécia, Jeroen Dijsselbloem dava como provável um entendimento dentro de portas para libertar mais uma tranche do empréstimo da troika ao país, mas desfazia qualquer hipótese de o Eurogrupo decidir já um alívio da dívida pública grega. Uma discussão que, a confirmar-se, só terá um desfecho em 2018.

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Antes de tocar o sino para dar início à reunião dos ministros das Finanças da zona euro onde nesta segunda-feira se discutiu o programa de resgate da Grécia, Jeroen Dijsselbloem dava como provável um entendimento dentro de portas para libertar mais uma tranche do empréstimo da troika ao país, mas desfazia qualquer hipótese de o Eurogrupo decidir já um alívio da dívida pública grega. Uma discussão que, a confirmar-se, só terá um desfecho em 2018.

A reunião em Bruxelas arrancou ao início da tarde e, ao fim de oito horas, ainda não há fumo branco sobre o “programa de apoio à estabilidade da Grécia”, mantendo-se o impasse em relação ao envolvimento do Fundo Monetário Internacional (FMI) no programa. Mas o caminho parece aberto para a Grécia receber o empréstimo do qual está dependente para em Julho pagar um reembolso de dívida de 7300 milhões de euros. Ao ser questionado pelos jornalistas sobre quando aconteceria a aprovação da nova tranche, Dijsselbloem abriu a porta a uma decisão: “Se tudo correr bem, hoje.”

Mais complexa será a discussão que se segue, por causa do ritmo de consolidação orçamental a aplicar pela Grécia e à eventual redução da dívida pública helénica, que equivale hoje a 179% do PIB do país. Em sintonia com a posição alemã, Jeroen Dijsselbloem remeteu uma solução para a dívida para o próximo ano. “Sempre dissemos que decisões finais concretas sobre medidas de alívio da dívida só acontecerão no final do programa.”

Foi o próprio ministro alemão das Finanças quem o verbalizou, descolando essa discussão das negociações do actual resgate. Uma mensagem que parece colidir com a posição ventilada pelo FMI, que ao mesmo tempo em que propõe um esforço de consolidação menos exigente defende um alívio da dívida por parte dos credores europeus. Wolfgang Schäuble admitiu discutir “medidas adicionais” (um alivio da dívida) mas apenas “no fim do programa, em 2018”.

Mas se Berlim se mantém firme na pretensão de não avançar imediatamente com este dossier, chama o FMI à mesa das discussões quando este é um tópico que a instituição liderada por Christine Lagarde quer ver discutido mais cedo, para continuar a participar no resgate. Embora o FMI e os parceiros europeus já tenham concordado que a Grécia deve conseguir um saldo primário (o défice sem contar com os juros da dívida pública) de 3,5% do PIB até 2022, o Fundo tem vincado que as perspectivas para o horizonte seguinte são muito exigentes sem um alívio na dívida.

A dificuldade em encontrar uma solução de compromisso entre as capitais europeias e o Fundo para que a instituição continue a participar no programa de resgate foi, de resto, reconhecida por Schäuble antes da reunião: “Temos que ver como podemos encontrar uma solução com o FMI, de modo a que o FMI possa ser parte do programa sem violar as suas regras. Essa será uma das questões difíceis.”

As apostas sobre se haveria ou não um acordo final estavam divididas: o diário grego Kathimerini escrevia que do lado europeu se dizia que as hipóteses de um acordo eram de 50/50, enquanto em Atenas responsáveis do Governo de Tsipras sugeriam que as probabilidades eram mais altas, de 60/40.

Para obter um acordo da troika, o Governo de Alexis Tsipras fez passar no Parlamento novas medidas de austeridade, onde se incluem cortes nas pensões e agravamentos de impostos que têm sido alvo de contestação interna, com greves e manifestações.