Serralves veio à ARCOlisboa
Programa paralelo à feira de arte contemporânea mostra que muitas instituições culturais já estão coordenadas com o calendário da feira.
Desta vez, a dificuldade está na escolha. Se no ano passado era difícil apontar um programa paralelo coerente para quem vinha visitar Lisboa no fim-de-semana da ARCOlisboa, na segunda edição da feira de arte contemporânea os calendários das instituições e dos espaços culturais da cidade já estão alinhados.
A verdade faz-nos mais fortes
Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.
Desta vez, a dificuldade está na escolha. Se no ano passado era difícil apontar um programa paralelo coerente para quem vinha visitar Lisboa no fim-de-semana da ARCOlisboa, na segunda edição da feira de arte contemporânea os calendários das instituições e dos espaços culturais da cidade já estão alinhados.
Além das três galerias que abriram as portas esta semana, podemos começar por dizer que Serralves desceu do Porto até Lisboa, onde já não mostrava a sua colecção desde 2006. Na Galeria do Torreão Nascente da Cordoaria Nacional, no mesmo edifício onde decorre a feira, o Museu de Arte Contemporânea de Serralves apresenta mais de 40 obras da sua colecção internacional, numa exposição intitulada O Olhar do Artista, em que os próprios artistas foram convidados pela direcção do museu a tornarem-se curadores e a escolherem uma obra de outro autor.
Suzanne Cotter, João Ribas e Ricardo Nicolau, que compõem a direcção do museu, escolheram os primeiros 20 artistas “para iniciar o jogo, para seleccionar os seleccionadores”, explicaram esta quinta-feira aos jornalistas Cotter e Ribas, respectivamente directora e director-adjunto de Serralves. Estes, por sua vez, olharam para a colecção e fizeram também as suas escolhas sem conhecerem quem eram os seus colegas de jogo. Helena Almeida escolheu Paula Rego que escolheu Eduardo Batarda. Yto Barrada escolheu Ana Jotta que escolheu Manuel Alvess. Wolfgang Tillmans escolheu Ana Vieira, que por sua vez está na montagem mesmo ao lado de Monika Sosnowska que escolheu Gordon Matta-Clark, etc., etc..
Desde que chegou a Serralves em 2012, Suzanne Cotter tem “este desafio de conceber uma exposição para o público de Lisboa”. A directora sublinhou que a cidade tem “uma grande comunidade artística” e que essa “pergunta recorrente” teve agora uma resposta “evidente no contexto da ARCO, que é muito relevante”.
Ana Pinho, presidente do conselho de administração da Fundação de Serralves, explicou que o museu já fez mais de 170 exposições itinerantes em Portugal e que só para este ano estão previstas 29. Com 4000 obras à sua guarda, Serralves quer fortalecer esta estratégia e, segundo Pinho, este ano fará o dobro das itinerâncias de 2016.
Na ARCOlisboa, este fim-de-semana continuam os brunches nas galerias para receber coleccionadores e convidados profissionais, como directores de museus e curadores, mas há também uma série de inaugurações que alimentam um programa paralelo ao longo de todos os dias da semana, de que fazemos uma selecção: em modo de pré-inauguração, abriram no MAAT, o novo museu de Lisboa, as exposições de Carlos Garaicoa, João Onofre e Ana Pérez-Quiroga, e no Pavilhão Branco uma mostra da brasileira Paloma Bosquê; esta sexta-feira, abriram no Museu Nacional de Arte Antiga Madonna – Tesouros dos Museus do Vaticano e no Museu Berardo Pedro Neves Marques; a partir de sábado, podemos ver na Culturgest O Fotógrafo Acidental: Serialismo e Experimentação em Portugal e no Pavilhão 31 do Hospital Júlio de Matos, Pedro Cabrita Reis, culminando o dia com uma inauguração nas Carpintarias de São Lázaro de uma exposição do chileno Alfredo Jaar, no âmbito da Lisboa 2017 – Capital Ibero-Americana de Cultura.