Salvador e o lobby junto do Parlamento para aumentar orçamento da cultura
Equipa de músicos e da RTP almoçou com Eduardo Ferro Rodrigues no Parlamento.
O músico Salvador Sobral tem a expectativa que a sua vitória no Festival Eurovisão possa contribuir para “dar uma fatia um bocadito maior do orçamento à cultura, que tem sido bastante esquecida”.
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O músico Salvador Sobral tem a expectativa que a sua vitória no Festival Eurovisão possa contribuir para “dar uma fatia um bocadito maior do orçamento à cultura, que tem sido bastante esquecida”.
O intérprete de Amar pelos dois, que esta sexta-feira esteve no Parlamento a convite do presidente da Assembleia da República acompanhado pela irmã, Luísa Sobral, a compositora da canção, e por uma delegação da RTP, admitiu aos jornalistas, rindo, que no almoço na residência oficial de Ferro Rodrigues esteve a fazer lobby pelo reforço dos apoios ao sector cultural – e “outro tipo de lobbies, também”, afirmou aos jornalistas em tom de brincadeira.
Já no sábado, em Kiev, no momento da consagração no palco do festival, Salvador Sobral aproveitou para deixar uma mensagem um pouco diferente dos habituais agradecimentos. “Vivemos num mundo de música descartável, de música fast-food sem qualquer conteúdo. Isto pode ser uma vitória da música, das pessoas que fazem música que de facto significa alguma coisa. A música não é fogo-de-artifício; é sentimento.” Dias antes, numa conferência de imprensa de antevisão da final do festival, em Kiev, o músico aparecera com uma camisola em que se lia “SOS Refugees”, e acabou por ser avisado pela organização que não a poderia voltar a usar porque o regulamento proíbe qualquer mensagem política no festival.
Questionado pelos jornalistas sobre se a sua vitória cantando apenas em português e toda a repercussão da música no estrangeiro poderá também ajudar a que a televisão e rádios públicas apostem mais na promoção da música portuguesa, Salvador Sobral admitiu que essa “mudança” é provável. “As rádios põem [no ar] o que a América põe e os três cantautores portugueses, e a televisão segue o mesmo exemplo. As pessoas não podem bem escolher o que ouvem porque aquilo [a repetição] é um estímulo constante na rádio. Acabam por dizer ‘gosto desta canção’ porque a ouviram 50 vezes”, afirmou, deixando um desabafo: “Se calhar a nossa [canção] também é um exemplo disso...”
O texto do voto de saudação aprovado esta manhã e consensualizado entre o presidente da Assembleia da República, todos os grupos parlamentares e o PAN vinca que a vitória na Eurovisão “foi também um momento de afirmação da universalidade da música e uma grande vitória para a língua portuguesa” – já que na última década todas as músicas vencedoras foram cantadas em inglês.