Comey queria manter a distância, mas Trump insistiu em relação pessoal
O antigo director do FBI tentou manter uma relação distante do Presidente dos EUA, em nome da independência.
Os encontros entre Donald Trump e o ex-director do FBI, James Comey, continuam a fazer títulos na imprensa internacional. Esta sexta-feira, o New York Times revela que Reince Priebus, chefe de gabinete da Casa Branca, pediu ajuda a Comey para afastar da imprensa a informação de que nomes associados à campanha de Trump tinham estado em contacto com representantes russos. Os detalhes foram descritos pelo próprio director do FBI em memorandos entregues a assistentes seus, nos quais Comey se queixa da pressão exercida pela equipa do Presidente para que fosse criada uma relação de proximidade entre ambos.
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Os encontros entre Donald Trump e o ex-director do FBI, James Comey, continuam a fazer títulos na imprensa internacional. Esta sexta-feira, o New York Times revela que Reince Priebus, chefe de gabinete da Casa Branca, pediu ajuda a Comey para afastar da imprensa a informação de que nomes associados à campanha de Trump tinham estado em contacto com representantes russos. Os detalhes foram descritos pelo próprio director do FBI em memorandos entregues a assistentes seus, nos quais Comey se queixa da pressão exercida pela equipa do Presidente para que fosse criada uma relação de proximidade entre ambos.
O recado da Casa Branca terá chegado um dia depois de um encontro entre Trump e Comey, semanas depois de chegar à Casa Branca, em que o líder norte-americano lhe perguntou directamente quando é que o organismo federal iria anunciar que o seu nome não estava envolvido em nenhuma investigação em curso.
De acordo com duas fontes anónimas citadas pelo jornal, que terão tido acesso aos registos da conversa, o então director do FBI respondeu ao Presidente norte-americano que, se queria saber informações sobre a investigação, deveria seguir os protocolos delineados — enviando, através da Casa Branca, um inquérito ao departamento de Justiça. Em cima da mesa não está, em parte alguma, o contacto directo com o dirigente do FBI, lembrou Comey a Trump.
Benjamin Wittes, do Brookings Institution, conta no seu blogue que o antigo director do FBI lhe havia confessado ter passado os dois primeiros meses da Administração Trump a trabalhar e a educar a equipa do actual Presidente na sua comunicação com o FBI. Wittes sublinha que Comey lhe contou que Trump estaria a tentar construir uma relação pessoal entre os dois, mas que o antigo director do FBI queria manter a distância e considerava as conversas e contactos pessoas inapropriadas. Um dos encontros descritos aconteceu numa cerimónia organizada por Trump em homenagem à equipa responsável por garantir a segurança da sua tomada de posse. Nessa noite, descreve Wittes, Comey terá adoptado uma postura discreta, na esperança de evitar uma interacção pessoal, cumprindo ainda assim o papel de representante do FBI. “Olha, ali está o Jim! Tornou-se mais famoso que eu”, foram as palavras de Trump ao encontrar James Comey. O momento ficou registado.
Escreve o New York Times que, depois de alertar e explicar ao Presidente norte-americano de como funcionam as comunicações com o FBI, Comey acreditou que a linha entre os dois estaria traçada e que a independência do trabalho do FBI estaria assegurada. Este encontro havia sido precedido de um jantar em privado. De acordo com testemunhas citadas pelo mesmo jornal, o Presidente norte-americano perguntou a Comey se poderia contar com a sua "lealdade". Comey respondeu que seria "honesto".