Coimbra Cidade da Música
Quando se discute a salvação da cidade, todas as ideias que a possam projetar merecem consideração.
Tenho repetidamente sugerido a candidatura à UNESCO, no âmbito da Rede de Cidades Criativas, de “Coimbra Cidade da Música”. É tão evidente a importância da música na cidade, no seu background cultural, no seu imaginário e no concreto quotidiano que há muito me parece uma boa ideia.
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Tenho repetidamente sugerido a candidatura à UNESCO, no âmbito da Rede de Cidades Criativas, de “Coimbra Cidade da Música”. É tão evidente a importância da música na cidade, no seu background cultural, no seu imaginário e no concreto quotidiano que há muito me parece uma boa ideia.
Para mais, quando se discute a salvação da cidade, e se procura o antibiótico a prescrever para a decadência e a irrelevância, todas as ideias que a possam projetar, trazer-lhe protagonismo e dar-lhe uma dimensão cosmopolita merecem consideração. Contudo, esta ideia nunca terá sido retirada da caixa institucional das sugestões, porque dela nunca houve eco, nem mereceu qualquer acorde dos protagonistas que ou vivem da música, ou vivem para a música ou que, simplesmente, a cultivam hedonisticamente.
Claro que na sociedade mercantilista em que vivemos, a ideia de adjetivar uma cidade, como Coimbra, como cidade da música não leva a mais do que a um sorriso, só que o que aconteceu nestes dias com o triunfo no Festival Eurovisão da Canção talvez faça alguém levar a ideia a sério. Como foi possível constatar, o impacto a nível internacional foi enorme e talvez motive os incrédulos da importância dos méritos musicais para uma cidade a consultar a importância da música, da indústria da música, por exemplo, na Suécia ou no Canadá, e do seu contributo para o PIB.
Acredito que não seja fácil enquadrar Coimbra no perfil de Cidade Criativa, há por aqui demasiado saudosismo e um classicismo que dificultam, mas a dimensão do fenómeno musical numa cidade com as características desta, que tem uma canção urbana própria, reconhecida pela qualidade e não pelo exotismo, talvez merecesse a pena tentar. Para mais, o custo do processo não parece significativo e o eventual retorno afigura-se relevante.
Mas, já agora, para satisfação dos que gostam de coisas muito concretas junto a sugestão de se considerar a instalação, em definitivo, em Coimbra do Museu da Música, que está instalado provisoriamente na Estação do Metropolitano do Alto dos Moinhos (Lisboa), com base num protocolo celebrado entre a Direcção-Geral do Património Cultural e o Metropolitano de Lisboa.
É sabido que o secretário de Estado do anterior governo decidiu, por força do términus do protocolo existente, a transferência do museu para o Palácio Nacional de Mafra, o que implicará obras de adaptação que, à partida, são estimadas em mais de 6,5 milhões de euros, mas o Palácio de Mafra já tem problemas que cheguem para salvar o seu carrilhão, cujos sinos estão em risco de queda, e, por isso, pergunta-se: não seria possível que a Câmara de Coimbra visse, junto do atual ministro da Cultura, da possibilidade de o Museu da Música ser instalado definitivamente em Coimbra?
Para mais, o Museu da Música em Coimbra estou certo que seria objeto de um significativo upgrade pois, se bem me recordo, não tem em exposição nenhuma guitarra de Coimbra.
Confesso que sou um desafinado, mas, como diz a canção, “os desafinados também têm um coração”, e é isso que me motiva a querer que a minha cidade seja melhor, tenha mais qualidade de vida e que, por isso, venha a ser “Cidade da Música”.
O autor escreve segundo as normas do novo Acordo Ortográfico