Maior parte dos portugueses ainda não deixa restos de remédios nas farmácias
Associação ambientalista Zero alerta que muito lixo pode chegar a aterros ou às águas residuais.
Somente 12 em cada cem portugueses deixa as embalagens vazias e restos de medicamentos no local adequado, nas farmácias, revelou a associação ambientalista Zero, alertando que muito deste lixo pode chegar a aterros ou às águas residuais.
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Somente 12 em cada cem portugueses deixa as embalagens vazias e restos de medicamentos no local adequado, nas farmácias, revelou a associação ambientalista Zero, alertando que muito deste lixo pode chegar a aterros ou às águas residuais.
"A generalidade dos portugueses continua a não encaminhar correctamente os resíduos das embalagens e restos de medicamentos adquiridos", refere um comunicado dos ambientalistas desta sexta-feira, realçando temer que "grande parte dos resíduos que não são entregues nas farmácias acabe em aterros ou, mais grave, nas redes de drenagem das águas residuais".
No entanto, a Associação Sistema Terrestre Sustentável, Zero, não deixa de realçar que Portugal é um dos poucos países da União Europeia com uma entidade gestora responsável pelo tratamento deste tipo de resíduos.
A Zero analisou os dados da Valormed, a entidade gestora dos resíduos de embalagens vazias e medicamentos fora de uso, e concluiu que, no ano passado, a indústria farmacêutica colocou 315 milhões de unidades de embalagens de venda no mercado, a que corresponde um potencial de resíduos gerado (embalagens e medicamentos) de 7462 toneladas.
"Os portugueses apenas entregaram cerca de 902 toneladas nas farmácias, ou seja, 12% dos resíduos potencialmente gerados", incluindo embalagens, restos de medicamentos e outros materiais fora do âmbito do Sistema de Gestão de Resíduos de Embalagens e Medicamentos (SIGREM).
Tendo em conta apenas a taxa de recolha de embalagens, explicam os ambientalistas, esta situou-se em 8%, "muito aquém da meta de 10% prevista para 2016".
Segundo as estimativas apontadas, cerca de 368 toneladas de restos de medicamentos, ou seja, mais de metade do total, não são entregues nas farmácias para terem tratamento adequado, havendo a preocupação de que "uma parte das substâncias contidas possa ser introduzida em meio natural", nos rios ou no mar, através dos esgotos.
Parte destes resíduos pode ir parar aos contentores de lixo urbano indiferenciado, o que tem "implicações para o ambiente e para a saúde pública", insiste a associação de defesa do ambiente.
"Num sistema que está fortemente dependente da colaboração dos cidadãos, estes números mostram-nos que há muito trabalho a fazer pela Valormed", em articulação com as farmácias, para cumprir a meta de 20% de recolha de embalagens definida para 2020, refere a Zero, defendendo a necessidade de acções de sensibilização.
Por isso, a Zero e a Valormed decidiram unir esforços para consciencializar os cidadãos da necessidade de entregarem os resíduos de embalagens e de medicamentos nas farmácias e estabeleceram uma parceria.