Antigo director do FBI vai supervisionar investigação à interferência russa nas eleições

Robert Muller dirigiu a polícia federal norte-americana entre 2001 e 2003. Agora, vai comandar a investigação que também se centra nas possíveis ligações de actuais e antigos membros da Administração Trump a Moscovo.

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Mueller foi nomeado pelo Departamento de Justiça americano Reuters/JASON REED

O Departamento de Justiça norte-americano nomeou o antigo director do FBI Robert Mueller como procurador especial para supervisionar a investigação federal às alegadas ligações russas nas eleições presidenciais dos EUA, que decorreram em Novembro do ano passado.

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O Departamento de Justiça norte-americano nomeou o antigo director do FBI Robert Mueller como procurador especial para supervisionar a investigação federal às alegadas ligações russas nas eleições presidenciais dos EUA, que decorreram em Novembro do ano passado.

Coube a Rod Rosentsein, procurador-geral adjunto, a escolha de Mueller, noticia a CNN. A estação de televisão norte-americana teve acesso à carta em que é anunciada a decisão. Esta investigação centra-se também nas possíveis ligações de actuais e antigos membros da Administração Trump a Moscovo.

Como lembra a CNN, o procurador-geral dos EUA, Jeff Sessions, recusou chamar a si a responsabilidade da investigação por ter sido conselheiro e colaborador da campanha presidencial de Donald Trump.

Segundo a mesma nota escrita por Rosenstein, o agora procurador especial tem poderes para “julgar crimes federais decorrentes da investigação desta matéria”, acrescentando que, com base “em circunstâncias únicas”, é do interesse público que “a investigação fique sob a autoridade de uma pessoa que exerça um grau de independência em relação à normal cadeia de comando”.

Mueller liderou o FBI depois de ter sido nomeado por George W. Bush em 2001 e permaneceu no cargo até 2003.

Na semana passada, o Presidente decidiu despedir o então director do FBI, James Comey, que era o responsável máximo pela investigação criminal sobre as suspeitas de ingerência russa nas eleições do ano passado. Depois, já no início desta semana, o jornal Washington Post noticiou que Trump revelou segredos sobre uma operação dos extremistas do Daesh durante um encontro com o ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Sergei Lavrov, na Casa Branca. Sabe-se agora que a fonte desse segredo são os serviços secretos de Israel – um país que tem interesses muito diferentes dos da Rússia.

Além disto, esta semana soube-se ainda que o ex-director do FBI apontou num memorando os pontos principais das conversas que foi tendo com o Presidente, registando o que considerava ser uma investida de Trump para o levar a deixar cair a investigação ao ex-conselheiro de Segurança Nacional Michael Flynn – o general que foi forçado a demitir-se em Fevereiro depois de se ter sabido que falou com o embaixador russo em Washington sobre as sanções aplicadas à Rússia e não reportou esse facto ao vice-presidente, Mike Pence. Na sequência desta polémica, o presidente do Comité de Supervisão da Câmara dos Representantes, o congressista republicano Jason Chaffetz, exigiu que o FBI entregue todos “os memorandos, notas, resumos e gravações" que detalhem conversas entre Donald Trump e o antigo director do FBI James Comey. 

Tudo isto levou a uma onda de críticas e suspeições que recaem neste momento em Donald Trump. Segundo relata a imprensa americana, a escolha de Mueller pode servir para acalmar os ânimos que rodeiam a Casa Branca.