Morreu o filósofo alemão Karl-Otto Apel
Amigo de Habermas e autor de obras influentes no domínio da ética da comunicação, tinha 95 anos.
O filósofo alemão Karl-Otto Apel, um dos mais importantes filósofos alemães contemporâneos, autor de trabalhos influentes no domínio da ética da discussão e da comunicação, morreu este domingo, aos 95 anos, na sua casa de Niedernhausen, na região alemã de Hessen, informou a família.
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O filósofo alemão Karl-Otto Apel, um dos mais importantes filósofos alemães contemporâneos, autor de trabalhos influentes no domínio da ética da discussão e da comunicação, morreu este domingo, aos 95 anos, na sua casa de Niedernhausen, na região alemã de Hessen, informou a família.
Nascido em Düsseldorf, em 1922, Apel começou por estudar História antes de se licenciar em Filosofia, em 1950, com uma tese sobre Heidegger. No início dos anos 60 começou a dar aulas na Universidade de Kiel, tendo-se candidatado à cátedra universitária com um trabalho sobre a noção de linguagem na tradição humanista, de Dante a Vico. Com uma breve passagem pela Universidade de Saarbrücken, o essencial da carreira docente deste amigo pessoal de Jürgen Habermas decorreu Universidade de Frankfurt, onde ensinou desde 1972 até à sua aposentação em 1990.
Grande divulgador, na Alemanha, do pensamento do filósofo americano Charles Sanders Peirce e das restantes figuras do pragmatismo, como William James, John Dewey ou Georg Herbert Mead, Apel deixou também leituras importantes de Martin Heidegger ou Ludwig Wittgenstein.
Amigo e colaborador de Jürgen Habermas, cuja teoria da acção comunicativa ajudou a desenvolver, Apel distinguia-se deste filósofo na sua posição “pragmático-transcendental”, fundada em Kant, e que via como constitutiva de toda a comunicação de sentido, e portanto não susceptível de revisão, ao contrário da teoria “pragmático-formal” proposta por Habermas.
Apel está mais traduzido no Brasil do que em Portugal, mas uma das suas obras fundamentais, Diskurs und Verantwortung, de 1988, foi editada em 2007 pelo Instituto Piaget, numa tradução de Jorge Telles Menezes, com o título Ética e Responsabilidade: o Problema da Passagem para a Moral Pós-convencional.