Autarca de Vila do Conde recandidata-se com ou sem apoio do PS

Independente eleita pelo PS, Elisa Ferraz faz criticas à concelhia, liderada por Mário de Almeida, e pede clarificação.

Foto
Elisa Ferraz dá um prazo ao PS para dizer se apoia a sua recandidatura à Câmara de Vila do Conde Adriano Miranda

O conflito político que se instalou entre independentes e PS na Câmara do Porto parece estar a alastrar a outras autarquias. Desta vez, é Vila do Conde e a clivagem é também entre uma autarca independente e o PS, cuja lista encabeçou.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

O conflito político que se instalou entre independentes e PS na Câmara do Porto parece estar a alastrar a outras autarquias. Desta vez, é Vila do Conde e a clivagem é também entre uma autarca independente e o PS, cuja lista encabeçou.

A presidente da câmara, Elisa Ferraz, avisou ontem o PS que se vai recandidatar ao cargo com ou sem o apoio dos socialistas e deu um prazo ao partido para que até ao final do mês diga se a apoia ou não. “Serei eu a conduzir o meu futuro político, não deixarei que outros condicionem a minha candidatura”, disse ao PÚBLICO a autarca, que diz não entender por que razão o PS ainda não tomou uma decisão sobre a sua recandidatura. “O PS tem tido todo o tempo para clarificar a situação e ainda não o fez”, criticou Elisa Ferraz.

“Ao anunciar hoje [ontem] a minha decisão de me recandidatar, devo lembrar que, em várias ocasiões, o PS referiu que me considerava a sua ‘candidata natural’, tendo-se mesmo realizado um encontro entre mim e o presidente da comissão política concelhia [Mário de Almeida] no qual foi confirmada a referida disponibilidade”, afirmou em conferência de imprensa. A autarca independente disse desconhecer as razões pelas quais o seu nome “não foi aprovado juntamente com outros candidatos no dia 10 de Abril pela comissão política distrital do Porto do PS”. E aproveitou para denunciar o episódio que se passou na última assembleia municipal (AM), em que foi alvo de “críticas severas” por parte de Mário de Almeida, que preside àquele órgão autárquico. “Houve mesmo ameaça de recurso a tribunais por parte do presidente da assembleia municipal”, salientou. “O que se passou foi absolutamente intolerável para alguém que foi eleita pelo PS. Fui desautorizada e senti-me ofendida pelo presidente da assembleia”, denunciou Elisa Ferraz.

A reacção da concelhia não se fez esperar. Em comunicado, aquele órgão precisa que no dia 20 de Março decidiu “unanimemente convidar a dr.ª Elisa Ferraz para ser a candidata do PS à presidência da câmara e delegar num grupo de dez autarcas socialistas a responsabilidade de apresentar nomes para a lista a candidatar à câmara a serem transmitidos oportunamente ao presidente da comissão política eng. Mário de Almeida e à designada candidata”.

A concelhia de Matosinhos do PS foi a primeira estrutura do partido a reagir ao conflito no Porto, cujo processo foi da responsabilidade de Manuel Pizarro. O líder da concelhia matosinhense, Ernesto Páscoa, considera que Manuel Pizarro, enquanto líder da distrital do partido, “não tem condições políticas, partidárias e éticas para continuar com a prática de impor a Matosinhos candidatos e opções contra as estruturas partidárias”. Ernesto Páscoa anuncia que a estrutura a que preside “vai retomar a coordenação do processo de candidaturas no concelho, decidindo nos órgãos próprios, no total respeito pelos militantes”.

A concelhia convocou para sexta-feira uma reunião extraordinária e um dos pontos da ordem de trabalhos é: “Deliberar sobre a aceitação, ou não, que o número dois da lista do PS à câmara seja um cidadão indicado pelo ‘Grupo de independentes’; deliberar sobre a aceitação, ou não, que o primeiro candidato da lista do PS à assembleia municipal e a cada uma das uniões de freguesia seja um cidadão indicado pelo ‘Grupo de Independentes’”.