Europa, dia 1
Com as eleições francesas resolvidas e as alemãs a caminho disso, é tempo de começar a pensar em consertar a Europa.
Emmanuel Macron ganhou com um programa pró-europeu e assumiu no discurso de vitória que vai defender a União Europeia. Com isto, o euro subiu 10% e 26 líderes europeus suspiraram de alívio.
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Emmanuel Macron ganhou com um programa pró-europeu e assumiu no discurso de vitória que vai defender a União Europeia. Com isto, o euro subiu 10% e 26 líderes europeus suspiraram de alívio.
Mas o trabalho difícil começa agora. O modelo europeu precisa de ser rapidamente atualizado e é isso que terá de acontecer logo a seguir às eleições alemãs. O eixo franco-alemão pode renascer, especialmente agora que os ingleses estão na porta de saída e que já se assume como inevitável o caminho a várias velocidades.
A questão é que estas velocidades podem ser várias, mas não poderão nunca ir contra a melhoria das condições de vida dos cidadãos, sob pena de virem a engrossar o leque de descontentes e oferecer uma força renovada aos populistas. E não seria mau começar por encostar Victor Órban, um demagogo que se senta à mesa dos democratas europeus sem que o mereça – até porque a Polónia está a ir pelo mesmo caminho.
Uma União Europeia renovada não precisa necessariamente de novos políticos, mas necessita definitivamente de políticos sem medo de dizer o que pensam e com mais coragem para enfrentar os problemas sem culpar Bruxelas – e por isso terão alguma coisa a aprender com o novo Presidente francês.
Emmanuel Macron era o candidato ideal para a populista Marine Le Pen. O independente fez uma campanha assumidamente pró-europeia, multicultural e em defesa da globalização. Tinha uma herança ligada à alta finança, um discurso académico e um olhar realista, tudo matéria que a demagogia ataca com facilidade. E, ainda assim, Macron ganhou sem margem para dúvidas – em parte graças à coragem com que enfrentou Marine no debate televisivo e à força com que desmontou as ideias pouco sustentadas da adversária. É essa a receita.
Os movimentos populistas precisam de ser travados, mas isso tem de ser feito no combate político. E isso só acontecerá se os seus temas forem confrontados e esvaziados. A Europa tem de voltar a ter uma voz corajosa e determinada, encarando de frente os problemas trazidos para a mesa pelos movimentos populistas. Tudo isto implica ter uma discussão séria sobre o futuro que queremos para a União e implica que existam opções reais que dêem origem a um debate sério – as eleições para o Parlamento Europeu daqui a dois anos serão um bom termómetro para medir o alcance deste debate.