Taiwan em risco de exclusão da assembleia da Organização Mundial de Saúde

O convite para a assembleia da agência da ONU, que decorre no final de Maio, ainda não chegou a Taipé. Está condicionado ao aval da China.

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Taipé sublinha que a sua participação melhorou o controlo de doenças em Taiwan e no mundo Reuters

Taiwan corre o mais sério risco dos últimos anos de não participar na assembleia da Organização Mundial de Saúde (OMS), devido à pressão da China. Há mais de um mês que o governo de Taipé espera resposta ao apelo público dirigido aos responsáveis desta agência das Nações Unidas para que lhe envie o convite sem o qual não poderá participar “nesta assembleia que procura o bem de toda a humanidade”. A iniciativa, que visou também o apoio da comunidade internacional, não teve até agora resultados.

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Taiwan corre o mais sério risco dos últimos anos de não participar na assembleia da Organização Mundial de Saúde (OMS), devido à pressão da China. Há mais de um mês que o governo de Taipé espera resposta ao apelo público dirigido aos responsáveis desta agência das Nações Unidas para que lhe envie o convite sem o qual não poderá participar “nesta assembleia que procura o bem de toda a humanidade”. A iniciativa, que visou também o apoio da comunidade internacional, não teve até agora resultados.

“A ausência de Taiwan da OMS abriria uma séria fissura no sistema global de saúde e criaria riscos significativos”, adverte o Governo de Taiwan, em comunicado, como os de propagação de epidemias e de segurança alimentar, áreas em que o país tem programas activos. “A OMS precisa de Taiwan para construir um sistema de saúde global robusto, e Taiwan precisa da OMS também”, defende o governo.

O próximo encontro magno da agência das Nações Unidas para a saúde está marcado para 22 a 31 de Maio em Genebra. Com estatuto de observador desde há nove anos, Taiwan apenas pode participar através de convite, o qual está condicionado ao aval da China, que não reconhece a independência do território de 23 milhões de pessoas.

Taiwan lembra que desde o início da sua participação como observador, há nove anos, “a participação activa em encontros técnicos da OMS e da Assembleia melhorou o controlo de doenças em Taiwan e no mundo, face ao seu compromisso em prestar assistência a outros países que enfrentam desafios de saúde, indo ao encontro da visão da OMS”.

Sobre o risco de propagação de epidemias, o país considera ter uma “posição crítica na rede global de transportes”. A Região de Informação de Vôo de Taipé, pela qual é responsável, administra um trânsito anual de 60 milhões de passageiros. E cerca de 1,25 milhões de aves sobrevoam anualmente o território nas suas rotas migratórias desde a China, Japão e Coreia do Sul em direcção ao sudoeste asiático e às nações insulares do Pacífico.

No que se refere à segurança alimentar, sublinha o seu lugar de destaque no comércio mundial. Foi, em 2015, o 17.º maior exportador e o 18.º importador mundial de mercadorias. “Será difícil gerir a segurança alimentar global, se Taiwan for excluído”, frisa.

Segundo a OMS, mais de dois milhões de pessoas morrem anualmente por contaminação de alimentos ou água para consumo.

A ideia de que a OMS e Taiwan precisam uma da outra foi entretanto materializada numa exposição online de fotografia, promovida pelo governo do território: “Não deixar ninguém para trás: a segurança mundial de saúde precisa de Taiwan, Taiwan precisa da Organização Mundial de Saúde". Está disponível na Internet desde o final de Abril, e serve sobretudo como bandeira da campanha em favor da participação do país na próxima assembleia da OMS. Procura mostrar o que tem sido o contributo activo do país para a saúde mundial, e mais recentemente no apoio aos objectivos do desenvolvimento sustentável das Nações Unidas, através do envolvimento em vários programas. Esses programas incluem vários países asiáticos e também de língua oficial portuguesa, como São Tomé e Príncipe (país que no último ano cortou relações diplomáticas com Taiwan e as encetou com a China, após a forte aproximação desta).

As dificuldades de participar na assembleia da OMS já se tinham manifestado abertamente em 2016, depois de Tsai Ing-Wen, líder do partido pró-independentista, ter ganho as eleições em Março. O convite chegou em cima das últimas horas, após diligências diplomáticas dos EUA em seu favor, mas condicionado ao reconhecimento, por parte de Taiwan, de “uma só China”, tal como tinha sido imposto pela China. A representação de Taiwan participou então sem fazer qualquer referência à intenção chinesa.