Duas exposições para celebrar Anni Albers e tudo o que ela fez

O Museu Guggenheim de Bilbao, já este ano, e a Tate Modern, em Londres, no próximo, concentram-se na obra desta artista da Bauhaus que impôs a arte moderna ao têxtil. É Anni sem Josef, para variar.

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Anni Albers a tecer no seu estúdio da Black Mountain College, em 1937. A fotografia é de Helen M. Post Cortesia: The Josef and Anni Albers Foundation

Quando se ouve ou lê o apelido Albers no contexto da arte do século XX, o mais provável é que lhe esteja associado o nome Josef, artista e professor alemão que procurou refúgio nos Estados Unidos quando os nazis chegaram ao poder. Mas Albers é também o sobrenome de Anni, sua mulher e, tal como ele, uma das figuras mais destacadas da Bauhaus, a escola alemã que nasceu no começo do século e que viria a tornar-se uma referência duradoura, na arte, na arquitectura e no design, combinando a produção industrial e uma série de técnicas ligadas ao trabalho manual, artesanal, muito atento ao pormenor e às singularidades de cada peça.

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Quando se ouve ou lê o apelido Albers no contexto da arte do século XX, o mais provável é que lhe esteja associado o nome Josef, artista e professor alemão que procurou refúgio nos Estados Unidos quando os nazis chegaram ao poder. Mas Albers é também o sobrenome de Anni, sua mulher e, tal como ele, uma das figuras mais destacadas da Bauhaus, a escola alemã que nasceu no começo do século e que viria a tornar-se uma referência duradoura, na arte, na arquitectura e no design, combinando a produção industrial e uma série de técnicas ligadas ao trabalho manual, artesanal, muito atento ao pormenor e às singularidades de cada peça.

É precisamente para homenagear Anni Albers (1899-1994) e o seu contributo para o design de têxteis, para a gravura e para o ensino da arte que estão a ser preparadas duas exposições. A primeira, Anni Albers: Touching Vision (6 de Outubro de 2017 – a 14 de Janeiro de 2018), no Guggenheim de Bilbao, servirá de antecâmara à grande retrospectiva que se fará no museu de arte de Dusseldorf (9 de Junho a 9 de Setembro de 2018) e na Tate Modern, em Londres (3 de Outubro de 2018 a 6 de Janeiro de 2019).

Segundo o Art Newspaper, jornal especializado, Anni Albers: Touching Vision vai mostrar no País Basco obras de 1925, ano em que Anni estava já na Bauhaus, à década de 1970, depois de a artista ter abandonado os teares para se dedicar à gravura praticamente em exclusivo. A da Tate não tem ainda um ângulo definido, mas deverá abarcar todo o arco cronológico da sua obra.

Quando ingressou na escola alemã, em 1922, Anni foi integrada no estúdio de tecelagem, onde mostrou de imediato a sua tendência para experimentar incessantemente e para inovar, incluindo elementos não-tradicionais nas suas composições. Este movimento de renovação em que juntava aos seus padrões geométricos o seu talento manual para o trabalho no tear, foi transportado depois para os workshops da Black Mountain College, a novíssima universidade da Carolina do Norte onde os Albers, casados em Maio de 1925, passaram a leccionar a partir de 1933, ano em que, para evitarem a perseguição das autoridades nazis, dão início a um exílio americano que durará até ao fim das suas vidas.

Josef Albers (1888-1976), que dedicou toda a sua vida à arte e ao ensino, primeiro na Carolina do Norte e depois na Universidade de Yale, trabalhava no seu estúdio, e Anni no dela. Eram como uma entidade única, mas nunca interferiam no que o outro estava a fazer ou a procurar, disse ao PÚBLICO em 2015 Nicholas Fox Weber, o historiador de arte que conviveu com o casal de artistas e que hoje preside à fundação com o seu nome, que funciona na casa onde viviam, no Connecticut. A cumplicidade que os unia, explicou ainda Weber, dispensava muitas vezes o uso de palavras e resistia sempre à tentação de intervir.

Josef é celebrado sobretudo pela sua produção teórica e por Homenagem ao Quadrado, a série que começou quando já passava dos 60 anos e que inclui mais de 2000 pinturas que resultam de uma reflexão contínua sobre a cor. Apesar de ser hoje considerada a mais influente designer de têxteis do século XX, autora do celebrado On Weaving (1965), e de ter sido a primeira artista na sua área a ter uma exposição individual no Museu de Arte Moderna (MoMA) de Nova Iorque (Anni Albers: Textiles, 1949), Anni está ainda longe de ter o reconhecimento que merece.

Partindo de materiais e técnicas que encontrava na cerâmica ou na escultura artesanal de vários países, sobretudo o México, onde o casal esteve mais de 10 vezes, a primeira das quais em meados dos anos 1930, Anni Albers criou uma série de padrões, motivos e desenhos que mantêm, acrescenta Fox Weber, uma actualidade imensa que estas duas exposições ajudam a explorar.