ACÔA sugere concurso para a presidência da Côa Parque

Associação de Amigos do Parque e Museu do Côa defende que o Governo deve lançar um concurso para o cargo de presidente da fundação, evitando a “lógica perversa” das escolhas partidárias.

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Paulo Pimenta

A nomeação do presidente da Fundação Côa Parque deveria resultar de um concurso público, eventualmente internacional, ao qual se pudessem apresentar “candidatos com perfil ligado ao património, à arqueologia, à história ou à gestão”, defende a Associação de Amigos do Parque e Museu do Côa (ACÔA) num comunicado divulgado este domingo.

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A nomeação do presidente da Fundação Côa Parque deveria resultar de um concurso público, eventualmente internacional, ao qual se pudessem apresentar “candidatos com perfil ligado ao património, à arqueologia, à história ou à gestão”, defende a Associação de Amigos do Parque e Museu do Côa (ACÔA) num comunicado divulgado este domingo.

“Parece ter havido uma primeira escolha do ministro da Cultura, já envolta em alguma polémica mesmo antes de formalmente anunciada”, diz a nota da ACÔA, referindo-se à reacção da Associação Portuguesa de Arqueólogos à notícia de que o historiador Bruno Navarro iria ser nomeado para o cargo, uma informação que o ministério de Luís Filipe Castro Mendes nunca confirmou oficialmente.

Assinalando o muito tempo que a tutela tem demorado a encontrar uma solução, a ACÔA receia que a Fundação Côa Parque tenha sido “capturada por uma lógica perversa”, que tende a beneficiar as cumplicidades partidárias em detrimento de critérios de escolha mais recomendáveis e transparentes.

Descontada a actual presidência assumidamente provisória e não remunerada de António Ponte, “o presidente do conselho de administração é o único administrador executivo”, dispondo de plenos poderes e “condições a diversos títulos favoráveis”, lembra a ACÔA, circunstância que, acredita a associação, contribui para que o cargo se torne “mais facilmente um lugar de discricionária, negociada e lenta escolha partidária, do que de escrutinada decisão à luz de critérios estabelecidos previamente, sejam científicos, sejam de gestão”. Daí que a ACÔA defenda o modelo do concurso, “menos sujeito a hesitações, controvérsias e demoras”.

PCP quer ouvir ministro

O comunicado lamenta ainda que o desinvestimento na segurança do Parque Arqueológico tenha permitido “um acto de vandalismo numa das mais importantes e conhecidas gravuras paleolíticas do Côa”. Perfilhando as declarações então feitas ao PÚBLICO por um dos mais antigos guias do Parque, António Jerónimo, que é também um dos representantes dos trabalhadores da fundação, a ACÔA sublinha que se trata de “um dano irreversível”, e que este é “tanto mais grave” por ter vindo desfigurar uma rocha de um núcleo que está aberto à visita pública e que é “um bem património mundial à guarda da Fundação Côa Parque”.

Recordando que desde a criação do Parque e a classificação da sua arte rupestre como património mundial, “o Estado assumiu o seu papel de garante da integridade deste bem cultural, mantendo a guardaria nos núcleos de arte rupestre abertos ao público”, a ACOA observa: “Que um grupo de ciclistas vá passear sem autorização para um núcleo de arte rupestre para o qual é necessário marcar previamente visita, e que algum dos seus membros possa, alegadamente, com dolo ou provavelmente com pueril ignorância, afectar gravemente um legado milenar, deixa a nu o que tem vindo a acontecer nos últimos anos no Parque e Museu do Côa, desde que a Fundação foi criada”.

Este acto de vandalismo cometido na icónica Rocha 2 de Piscos já levou também o grupo parlamentar do PCP a apresentar um requerimento para a audição, na Comissão de Cultura, Comunicação, Desporto e Juventude, do ministro da Cultura, da Comissão de Trabalhadores da Fundação Côa Parque e da Associação dos Arqueólogos Portugueses, entre outras entidades.

Lembrando que sempre contestou “a criação de uma fundação pública de direito privado para a gestão do património do Côa”, defendendo que esta opção visava a “desorçamentação dos custos de manutenção do museu e da conservação do património”, o grupo parlamentar comunista cita um projecto de resolução que o PCP entregou há um ano, em Maio de 2016, e que alertava expressamente para o facto de “a redução da segurança nos núcleos” acarretar “graves riscos para o património, com possíveis casos de vandalismo e visitas não controladas, nomeadamente por parte de empresas privadas”.