Para Oeste de Alcântara moram os enteados dos transportes de Lisboa

Presidentes da Junta e munícipes de Alcântara, Ajuda e Belém foram à reunião descentralizada com a câmara de Lisboa pedir mais e melhores transportes na zona ocidental da cidade. Carris tem uma aplicação a caminho e câmara quer insistir na ligação do comboio de Belém à Linha de Cintura.

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RUI GAUDENCIO

“Está cada vez mais difícil chegar” e sair de Alcântara. Para o Davide Amado, presidente da Junta (PS), o problema é igual ao volante de um carro ou dentro de transportes públicos: o pára-arranca é cada vez maior. Na Ajuda, Leonor Leão, que mora e estuda na freguesia, demora o mesmo tempo a chegar à universidade de autocarro que as colegas que vêm de Sintra de carro. Em Belém, já se fala de esquecimento: “Somos os mais pobres em questões de acessos”, disse o autarca, Fernando Ribeiro Rosa (PSD), na reunião descentralizada do município esta quarta-feira.

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“Está cada vez mais difícil chegar” e sair de Alcântara. Para o Davide Amado, presidente da Junta (PS), o problema é igual ao volante de um carro ou dentro de transportes públicos: o pára-arranca é cada vez maior. Na Ajuda, Leonor Leão, que mora e estuda na freguesia, demora o mesmo tempo a chegar à universidade de autocarro que as colegas que vêm de Sintra de carro. Em Belém, já se fala de esquecimento: “Somos os mais pobres em questões de acessos”, disse o autarca, Fernando Ribeiro Rosa (PSD), na reunião descentralizada do município esta quarta-feira.

A mobilidade urbana, e as dificuldades associadas, foram o tema quente da reunião que colocou o executivo camarário perante os munícipes de Belém, Ajuda e Alcântara. Em cima da mesa voltou a estar o não crescimento do Metropolitano de Lisboa para a zona ocidental da cidade.

Também a Carris voltou à baila, levando o presidente da câmara, Fernando Medina, a concordar com as queixas dos munícipes relativas à quebra na qualidade do serviço de transporte nos últimos anos e a necessidade de reforço das carreiras de bairro, em particular na freguesia da Ajuda.

A falta de confiança dos utentes na empresa de transporte público, municipalizada há três meses, levou a autarquia a criar uma aplicação da Carris para tornar “credível” a informação sobre o serviço de transportes. Horários actualizados, informação sobre falhas e atrasos no serviço vão estar disponíveis na aplicação que está a ser preparada. Dados disponibilizados em “tempo real”, garantiu Fernando Medina, o que hoje não acontece.

Todos os munícipes da Ajuda que intervieram bateram na mesma tecla: há uma “carência evidente” na oferta de transportes na freguesia, em particular de noite, o que contribui para o isolamento, em especial da população idosa. Uma “questão que está muito sinalizada” pela Carris, garantiu Medina. Esta foi uma das várias questões de mobilidade que o autarca garantiu ser “uma das prioridades” da nova gestão. O autarca lembrou que está em andamento um levantamento das “prioridades para serem activadas” nas carreiras de bairro, de forma a reactivar as supressões dos últimos anos.

O problema, para os munícipes, não é novo. “A Ajuda tem problemas de transportes há muito tempo. A Ajuda nunca foi uma freguesia muita simpática para as administrações da Carris”, acusou Vítor Pereira, morador na zona e trabalhador da empresa de transportes há 35 anos.

O munícipe de 62 anos afirmou que gostava de ver o eléctrico a passar em frente ao Palácio da Ajuda, uma ideia que não teve a oposição de Fernando Medina. O autarca disse simpatizar com a integração do eléctrico como meio de crescimento da freguesia da Ajuda.

Na sequência, o presidente da câmara adiantou que o eléctrico “deve retomar o seu papel na cidade de Lisboa”. Sem se comprometer com promessas imediatas, remeteu a questão para o próximo programa de actividades da Carris, onde a ampliação da oferta do eléctrico estará contemplada, garantiu.

Pressão sobre a linha de Cascais

Por atravessar um “processo de degradação muito profunda”, a linha de comboio de Cascais, que liga esta estação ao Cais do Sodré tem vindo a perder passageiros. Disse-o Fernando Medina, acrescentando que a “requalificação da linha” é outra das prioridades para o município.

O executivo referiu que a questão tem sido discutida com o Governo, que tutela a empresa Comboios de Portugal (CP). Em cima da mesa de negociações está também a criação de uma ligação de Belém à chamada Linha de Cintura – que liga as estações de Alcântara-Terra a Braça-de-Prata. A inclusão de Belém no caminho ferroviário que liga, entre outras estações, Campolide, Sete Rios, Entrecampos, Roma-Areeiro e Oriente iria melhorar a mobilidade “de forma verdadeiramente impressionante” na cidade, classificou Fernando Medina.

As iniciativas reuniram a aprovação dos presidentes da junta de freguesia, que pedem celeridade no processo, e dos vereadores da CDU, apesar de reflectirem “questões sempre adiadas”. Para João Ferreira, candidato pelo partido à câmara de Lisboa, “lançar a rede de metro para onde ela não existe” é também uma prioridade. O comunista não compreende porque é que o Governo optou pela extensão do metro para Santos e Estrela, em detrimento das três freguesias mais ocidentais da cidade.

Neste ponto, Medina considera que a ligação da zona ocidental da cidade à linha de Cintura resolveria a questão, “rentabilizando” os recursos disponíveis.

Sobre a política de preços da empresa municipal, a CDU queria que “as políticas fossem mais ambiciosas”. João Ferreira propõe uma redução do preço do transporte público que reverta “os aumentos brutais feitos pelo anterior governo”.