Faro, uma cidade a crescer em altura
A construção de uma marina e prédios de 13 pisos poderão mudar a face da capital algarvia, cada vez mais virada para o turismo
Os perigos da descaracterização urbanística da cidade de Faro vão estar em debate, nesta sexta-feira, no Club Farense, uma iniciativa de um grupo de cidadãos com o objectivo de questionar o poder local sobre os desafios que se colocam à capital de uma região turística. Na plateia vão estar arquitectos, artistas, construtores civis e outros especialistas na área.
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Os perigos da descaracterização urbanística da cidade de Faro vão estar em debate, nesta sexta-feira, no Club Farense, uma iniciativa de um grupo de cidadãos com o objectivo de questionar o poder local sobre os desafios que se colocam à capital de uma região turística. Na plateia vão estar arquitectos, artistas, construtores civis e outros especialistas na área.
Um dos intervenientes neste fórum é Fernando Grade, artista plástico que tem denunciado vários atentados ao património relacionados com a “descaracterização da zona histórica”. Filipe Monteiro, o arquitecto que se opôs ao plano de pormenor da zona história de Olhão, por o considerar desajustado da realidade, é outro dos oradores, apresentando exemplos de como a reabilitação pode valorizar os espaços degradados e contribuir para criar novas dinâmicas sociais
A iniciativa surge na sequência de uma petição, a decorrer na internet, que conta com quase meio milhar de assinaturas, contra a destruição de um antigo edifício, situado junto ao Tribunal de Faro, para dar lugar a um prédio moderno de quatro pisos “A cidade está a chegar ao limite do respirável”, diz Fernando Grade, preconizando um alteração do Plano Director Municipal (PDM). “Estamos a regredir, voltamos ao tempo da especulação imobiliária”, diz o artista, adiantando que estão convidados a participar neste encontro todos os partidos candidatos às próximas eleições autárquicas. Na avenida 5 de Outubro, sublinha, o PDM prevê a construção de edifícios de 13 pisos.
Um dos grandes projectos que se deseja para a cidade é a construção de uma marina, na zona do cais comercial, que se encontra quase desactivado. “Marinas e mais marinas”, denuncia Fernando Grade, adiantando que a ria Formosa corre o risco de se “transformar numa auto-estrada, com uma tal intensidade de tráfego que coloca em causa o ecossistema”. No entanto, a náutica de recreio surge, no plano de ordenamento de orla marítima algarvia, como uma das apostas para incremento da actividade turística. A ministra do Mar, Ana Paula Vitorimo, recentemente, deu posse a uma comissão para estudar a forma de transferir para um entidade denominada “Portos do Algarve” que, em articulação com os municípios, irá gerir os portos e marinas da região.