Depois das gerações Z e Y, chega a geração Alpha a ditar as regras do consumo do futuro
As marcas têm a obrigação de se reinventarem continuamente por forma a acompanharem esta imparável mutação de hábitos e preferências.
Perante a acelerada evolução tecnológica e as alterações de comportamentos e preferências dos indivíduos, as novas gerações têm vindo a ser definidas em períodos de tempo cada vez mais curtos. Assim, depois das gerações Z (2000-2010) e Y (1985-1999), que ainda no início do ano passado despertavam especial atenção junto das marcas enquanto as primeiras gerações digitais e verdadeiramente globalizadas, está agora na altura de ficarmos atentos à geração Alpha.
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Perante a acelerada evolução tecnológica e as alterações de comportamentos e preferências dos indivíduos, as novas gerações têm vindo a ser definidas em períodos de tempo cada vez mais curtos. Assim, depois das gerações Z (2000-2010) e Y (1985-1999), que ainda no início do ano passado despertavam especial atenção junto das marcas enquanto as primeiras gerações digitais e verdadeiramente globalizadas, está agora na altura de ficarmos atentos à geração Alpha.
Embora ainda haja poucos dados sobre esta geração, é já possível prever alguns hábitos. O documentário produzido pela Heinz Papinhas é uma boa ilustração destas crianças, a perspetiva dos pais e avós sobre o seu comportamento e as mudanças das relações entre estas gerações.
Nascidos após 2010, os indivíduos da geração Alpha destacam-se pela relação intrínseca com a tecnologia. Estimulados por todo o tipo de dispositivos smart desde que nascem, estas crianças são capazes de interagir com tablets e smartphones ainda antes de saberem andar — ninguém os ensina, é simplesmente intuitivo. Não encaram dispositivos tecnológicos como ferramentas, integrando-os sim na sua vida de forma tão natural que já nem sequer pode ser considerada como uma extensão dos próprios — como constatámos com a geração Z —, mas sim como parte de si.
Sequentemente, podemos prever que serão mais adaptáveis, independentes e considerados mais inteligentes e empreendedores do que as gerações anteriores, com forte apetência para criar marcas e empresas desde muito cedo — talvez desde crianças — tendo em consideração a informação e as ferramentas que têm disponíveis. Paralelamente, serão mais auto-suficientes, tendencialmente mais instruídos e preparados para maiores desafios.
Estas caraterísticas terão simultaneamente influência na educação, revolucionando o paradigma tanto nas escolas como em casa. Com educação online desde bebés, desenvolverão uma maneira particular de aprender e o ensino escolar será menos didático e mais tecnológico e personalizado. Por outro lado, a relação entre pais e filhos tornar-se-á menos hierárquica e mais baseada em troca, com os pais com maior abertura para aprenderem com os filhos e adaptarem-se à sua realidade.
Já para futuros contactos interpessoais, com marcas ou com entidades de recrutamento, estes indivíduos darão atenção exclusiva a aplicações visuais e fáceis de usar, esperando que tudo seja customizado de acordo com as suas necessidades. Neste seguimento, comprarão muito mais online e, por isso, terão menos contacto humano do que as gerações anteriores — e este poderá ser um dos desafios destas crianças a nível psicológico, com previsível tendência para se sentirem sozinhas, apesar de estarem permanentemente conectadas com o mundo.
Com apenas seis anos, a geração Alpha já dita as regras de consumo do futuro e parece representar os indivíduos mais desafiantes num futuro próximo. No entanto, não devemos descurar as gerações anteriores, que estudámos e tentámos compreender nos últimos anos. Porque, afinal, quem são os pais da geração Alpha? Se as gerações Z e Y são já consideradas muito focadas em si próprias e nas suas vontades, a geração Alpha será o aperfeiçoamento deste perfil.
Neste seguimento, as gerações Z e Y terão as suas decisões de compra fortemente influenciadas pelos filhos e, por isso, embora as marcas devam procurar despertar a atenção das crianças e responder às suas necessidades, não podem deixar de agradar e adaptar-se às gerações anteriores. Devem, portanto, integrar a comunicação e procurar responder aos diferentes perfis de consumo.
Em suma, as marcas têm a obrigação de se reinventarem continuamente, tal como os indivíduos, por forma a acompanharem esta imparável mutação de hábitos e preferências. Esta será a única forma de serem relevantes e de se fazerem notar, ao invés de serem ignorados e caírem no esquecimento. Neste âmbito, apesar de os indivíduos serem tendencialmente mais seletivos, felizmente temos acesso a cada vez mais dados que nos permitem compreender e prever comportamentos. Com o devido conhecimento e segmentação, será possível seguir as regras estabelecidas e definir e aplicar com confiança as estratégias de comunicação mais eficazes.
A autora escreve segundo as normas do novo Acordo Ortográfico