Placard atenua dependência da raspadinha nas receitas da Santa Casa

Vendas dos jogos sociais da SCML chegaram aos 2775 milhões no ano passado, mais 24% face a 2015. E um novo recorde.

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Enric Vives-Rubio

As vendas dos jogos sociais da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML) chegaram aos 2775 milhões no ano passado, valor que representa um crescimento de 24% face a 2015, e um novo recorde. Já o resultado líquido de exploração, de onde vem o dinheiro a distribuir por diversas entidades e pela SCML (para a sua acções sociais), teve uma subida de 12%, atingindo os 675 milhões de euros, de acordo com as contas apresentadas esta quinta-feira. Na base deste crescimento estão dois jogos sociais: a lotaria instantânea, mais conhecida por raspadinha, e o novo jogo de apostas desportivas, o Placard.

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As vendas dos jogos sociais da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML) chegaram aos 2775 milhões no ano passado, valor que representa um crescimento de 24% face a 2015, e um novo recorde. Já o resultado líquido de exploração, de onde vem o dinheiro a distribuir por diversas entidades e pela SCML (para a sua acções sociais), teve uma subida de 12%, atingindo os 675 milhões de euros, de acordo com as contas apresentadas esta quinta-feira. Na base deste crescimento estão dois jogos sociais: a lotaria instantânea, mais conhecida por raspadinha, e o novo jogo de apostas desportivas, o Placard.

A raspadinha valeu 1359 milhões, equivalente a 49% do total, e o Placard, no seu primeiro ano completo de venda, chegou aos 385 milhões, colocando-se na terceira posição do departamento de jogos da SCML (13,9% do valor global).

Com o novo jogo de apostas desportivas, a instituição liderada por Pedro Santana Lopes conseguiu um novo impulso nas receitas, e depender um pouco menos da raspadinha.

Na conferência de imprensa de apresentação dos resultados do departamento de jogos, e das contas da SCML, Pedro Santana Lopes afirmou que este jogo vai contar em breve com mais seis novas modalidades desportivas. A instituição, que tem preparado o terreno para explorar o jogo online (ainda não recebeu licença) e apostas hípicas (detém o exclusivo territorial), pode ter nestas duas vertentes outros alicerces financeiros a curto/médio prazo.  

De resto, verifica-se que todos os outros jogos desceram as vendas. Aqui, o destaque vai para o Euromilhões, que, entre 2014 e 2016, encolheu em mais de 100 milhões de euros e vale agora 809,7 milhões. Após a forte queda de 2015, a SCML tomou várias medidas, como a introdução, em Setembro, do M1lhão, o que atenuou nova queda. Uma novidade será, de acordo com o provedor da SCML, o alargamento da venda da lotaria tradicional “a toda a rede de mediadores” a partir do ano que vem.

A raspadinha, o único jogo explorado pela SCML que proporciona resultados imediatos, tem vários níveis de prémios, tendo o de maior valor no ano passado chegado aos 504 mil euros. Já o maior prémio do Euromilhões foi de 73 milhões (o recorde absoluto é deste jogo, quando, em Outubro de 2014, colocou 190 milhões de euros na mão de um apostador de Castelo Branco).

Por outro lado, continuam a existir casos de prémios não reclamados (muitos são de pequeno valor), tendo o montante global chegado aos 8,7 milhões de euros, em linha com o ano anterior.

No fundo da tabela dos jogos sociais continua a estar o Totobola que, depois de uma ligeira recuperação em 2015, voltou às descidas e vale agora apenas 9,2 milhões.

Para a instituição, a evolução negativa das vendas de vários jogos explica-se num “contexto de ciclo de vida que, na maioria dos casos, coincide com fases de maturidade, e em simultâneo com a oferta de novos produtos mais apelativos”.

De acordo com Santana Lopes, este ano já não será possível manter a variação positiva de dois dígitos nas vendas, sublinhando que “é nos tempos mais sorridentes que se devem preparar os anos menos felizes”.

A SCML destaca que a subida de cerca de 500 milhões de euros em vendas justifica-se “quase na íntegra, pelo efeito de uma base de apostadores mais alargada”. Isso verificou-se “por via da captação de novos apostadores com a consolidação do Placard”, diz a instituição, com “o lançamento de um novo jogo e com a diversificação de jogos de raspadinha” e também por via “da expansão de rede comercial”. Assim, garante a SCML, o valor gasto médio por registo de apostas mantém-se “inalterado nos 2,5 euros”.

Os jogos sociais são a principal fonte de receitas da SCML, que viu o lucro ascender a 21,1 milhões (mais 15 milhões do que em 2015), com um peso de 85% do total. De acordo com a SCML, “além da variação positiva da distribuição dos resultados dos jogos sociais, este resultado justifica-se por um controlo eficaz da despesa corrente”. 

Além dos jogos, a instituição tem outras fontes de rendimento, como o arrendamento de imóveis, cujas receitas subiram 16% em 2016. O ano passado foi, aliás, o período em que a SCML se estreou no alojamento local, estratégia que já lhe rendeu 112 mil euros (embora muito longe dos 6,4 milhões que arrecadou por via de rendas de edifícios).