Menos chuva corta lucro da EDP no primeiro trimestre
Resultado líquido da EDP caiu 18% até Março, para 215 milhões. Dívida líquida subiu 1%, para 16 mil milhões.
Um início de ano menos chuvoso quando comparado com os primeiros meses do ano passado ajuda a explicar porque é que os resultados da EDP diminuíram 18% no primeiro trimestre, para 215 milhões de euros. Isso e o facto de os preços da energia no mercado grossista ibérico terem subido muito, agravando os custos de aquisição de energia da empresa liderada por António Mexia.
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Um início de ano menos chuvoso quando comparado com os primeiros meses do ano passado ajuda a explicar porque é que os resultados da EDP diminuíram 18% no primeiro trimestre, para 215 milhões de euros. Isso e o facto de os preços da energia no mercado grossista ibérico terem subido muito, agravando os custos de aquisição de energia da empresa liderada por António Mexia.
Até Março, o resultado antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (EBITDA) do grupo caiu 11%, para cerca de mil milhões de euros. No comunicado enviado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), a EDP referiu-se a um “contexto operacional muito mais severo" do que o verificado em 2016, ano “muito chuvoso” e com preços grossistas “muito baixos”.
Em consequência, “a produção hídrica [na Península Ibérica] caiu para metade, os elevados resultados com a gestão de energia desapareceram e as margens de comercialização foram afectadas”, sublinhou a empresa, que viu também a dívida líquida aumentar 1%, para 16.047 milhões de euros.
No Brasil, que representa 16% dos resultados operacionais do grupo, as contas trimestrais também ficaram mal na comparação com 2016 (o EBITDA recuou 11%, para 164 milhões de euros), ano em que a EDP registou uma mais-valia com a venda de uma central hídrica. Além disso, a empresa também registou menores resultados nas actividades de produção e comercialização.
Na conferência telefónica com analistas que se seguiu à divulgação das contas, o presidente executivo da EDP, António Mexia, destacou aquilo que considerou uma “nova avenida de crescimento no Brasil”: a actividade de transporte de electricidade. O gestor sublinhou o facto de a EDP Brasil ter vencido recentemente o leilão para a construção e operação de linhas de transporte com uma extensão total de 1.184 quilómetros nos Estados brasileiros do Maranhão, São Paulo/Minas Gerais e Santa Catarina/Rio Grande do Sul, projectos que contribuem para reforçar o perfil de proveitos regulados da empresa, com efeitos a partir de 2019.
Não foi só a chuva que faltou nas contas trimestrais da EDP. A menor quantidade de vento (recurso eólico) foi também um dos factores apontados pela EDP Renováveis – que representa 37% do EBITDA da EDP – como penalizador das contas do primeiro trimestre (apesar de ter havido um aumento da produção de 2%, devido ao aumento da capacidade instalada essencialmente nos Estados Unidos e México). Outro foi o facto de os preços de venda terem tido uma descida média de 1%, explicou a empresa liderada por João Manso Neto, cujos lucros caíram 9% para 68 milhões, com o EBITDA a recuar 2%, para 373 milhões.
Na conferência telefónica, António Mexia disse aos analistas que a EDP espera ter a oferta pública de aquisição (OPA) sobre os 22,5% que ainda não detém na sua empresa de energias limpas registada junto da CMVM dentro de “uma a duas semanas, se tudo correr dentro da normalidade”. A EDP vai oferecer aos accionistas minoritários da EDP Renováveis 6,80 euros por cada acção.