Merkel pede a Putin que investigue perseguição a homossexuais na Tchetchénia

Visita da chanceler alemã a Sochi marcada por divergências com líder russo.

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O semblante de Merkel e Putin sublinhou a posição oposta dois dois em várias questões YURI KOCHETKOV/EPA

A cada questão levantada, as respostas dos dois líderes iam em sentidos diferentes: a conferência de imprensa que se seguiu ao encontro entre a chanceler alemã, Angela Merkel, e o Presidente russo, Vladimir Putin, serviu para mostrar duas posturas realmente divergentes, fosse o assunto da Síria, da Ucrânia, ou do papel das organizações não-governamentais, tudo confirmado com linguagem corporal. Raras vezes Merkel ou Putin olharam para o outro.

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A cada questão levantada, as respostas dos dois líderes iam em sentidos diferentes: a conferência de imprensa que se seguiu ao encontro entre a chanceler alemã, Angela Merkel, e o Presidente russo, Vladimir Putin, serviu para mostrar duas posturas realmente divergentes, fosse o assunto da Síria, da Ucrânia, ou do papel das organizações não-governamentais, tudo confirmado com linguagem corporal. Raras vezes Merkel ou Putin olharam para o outro.

Merkel pediu, publicamente, ao Presidente russo para investigar os relatos de perseguições a homossexuais na Tchetchénia. “Ouvimos informações muito negativas sobre como homossexuais são tratados na Tchetchénia, e pedi ao Presidente Putin para usar a sua influência para assegurar os direitos de minorias como essa”, disse Merkel na conferência de imprensa após duas horas de reunião, nesta terça-feira.

Relatos de organizações falam numa campanha anti-gay na república semi-autónoma do Cáucaso envolvendo prisão ou desaparecimento de pelo menos cem pessoas e tortura de pessoas suspeitas de serem homossexuais para que denunciem outros. As autoridades negaram esta campanha, porque os homossexuais são “um tipo de pessoas” que “simplesmente não existem” na Tchetchénia, argumentaram.

Merkel pediu ainda a protecção de outros direitos democráticos, incluindo a liberdade de reunião e de protesto. “É muito importante ter o direito de manifestação numa democracia, e o papel das ONG é também muito importante”, declarou a chanceler alemã.

Putin disse, na sequência de uma pergunta sobre uma onda de ataques a figuras da oposição na Rússia (cujas vítimas têm, garantiu, acesso ao sistema de justiça), que as forças policiais russas “agem de um modo muito mais mitigado que a maioria dos nossos parceiros na Europa Ocidental”.

Putin falou ainda das ONG, que Merkel defendeu, como sendo na Rússia um veículo de interferência estrangeira – algo que Moscovo recusa fazer noutros países, garantiu, quando questionado sobre os indícios de interferência russa nas eleições americanas. “Nunca interferimos na política interna dos outros países e não queremos que ninguém interfira na nossa”, declarou Putin. “Infelizmente, vimos isso acontecer [na Rússia], através das chamadas ONG ou mesmo directamente”, queixou-se.

Na primeira visita da chanceler alemã à Rússia depois da anexação russa da Crimeia, em 2014, a situação na Ucrânia foi outro ponto de desentendimento.

Putin disse que o Governo ucraniano era ilegítimo já que resultara de um “golpe” contra o anterior Presidente pró-Rússia, e acusou Kiev pela separação de províncias rebeldes separatists. Merkel disse discordar de Putin e queixou-se da falta de progressos no processo de paz que “se move muito devagar, com progressos em pequenos passos e revezes constantes”, criticou. Assim, está para já fora de questão falar do levantamento das sanções da União Europeia à Rússia por causa da sua acção na Ucrânia. “O meu objectivo continua a ser chegarmos a um ponto em que seja possível levantar as sanções”, declarou Merkel, pedindo ainda a Putin empenho num cessar-fogo.