Desta vez, Paris não se uniu contra Le Pen no 1.º de Maio

Contra Jean-Marie Le Pen, em 2002, os sindicatos uniram-se e levaram 1,3 milhões de pessoas às ruas da capital. Esta segunda-feira, celebraram separados e quase não se falou em Macron.

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Há 15 anos, 1,3 milhões de pessoas responderam ao apelo dos sindicatos e, numa frente unida, aproveitaram o dia 1 de Maio para rejeitarem nas ruas de Paris a passagem de um candidato da extrema-direita à segunda volta das presidenciais. Esta segunda-feira, os sindicatos celebraram o Dia do Trabalhador em marchas separadas e com muito menos gente.

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Há 15 anos, 1,3 milhões de pessoas responderam ao apelo dos sindicatos e, numa frente unida, aproveitaram o dia 1 de Maio para rejeitarem nas ruas de Paris a passagem de um candidato da extrema-direita à segunda volta das presidenciais. Esta segunda-feira, os sindicatos celebraram o Dia do Trabalhador em marchas separadas e com muito menos gente.

A mensagem pode ter sido semelhante — os riscos da extrema-direita —, mas não houve unanimidade no apelo ao voto em Emmanuel Macron, tal como houve em 2002, quando a França se uniu para eleger Jacques Chirac por 82% e rejeitar Jean-Marie Le Pen (17%).

As sondagens são, hoje, muito diferentes: 60%-40%. O eleitorado é muito diferente. E os candidatos também.

O principal sindicato francês, a Confederação Francesa Democrática do Trabalho (CFDT), marcou uma marcha “republicana” e pediu o voto em Macron, para travar Le Pen no próximo domingo. Curiosamente, nos apelos que fez à mobilização, não mencionou o nome do candidato independente centrista que foi ministro da Economia do Presidente socialista François Hollande. “A FN é um partido autoritário, xenófobo e de regressão social”, dizia o comunicado; a CFDT juntou alguns milhares de pessoas. Não houve enchente. Menos gente ainda foi ouvir Vanessa Jereb, secretária da UNSA (sindicatos independentes unidos, juntou 300 pessoas, segundo disse a AFP no Twitter) a dizer que lamentava a falta de unidade dos sindicatos neste momento tão difícil. “Tenho a sensação de que se deixa andar, como se não pudéssemos pôr as nossas diferenças para trás das costas e passar uma mensagem simples como a de barrar a Frente Nacional e votar em Macron. Votem nele, ele não é um cheque em branco”.

Muito mais gente (80 mil dizem os organizadores, 30 mil segundo a polícia) juntou a CGT, organizada com os sindicatos de esquerda e que se manifestou na Praça da República. Reclamou o fim dos “recuos sociais que alimentam a extrema-direita”, pediram aos eleitores para “barrarem” Marine Le Pen (da Frente Naiconal), mas sem apelar directamente ao voto em Emmanuel Macron.

Na manifestação da CGT houve distúrbios, com a polícia a ser atingida por objectos e cocktails  Molotov, lançados por activistas encapuzados. Um ficou ferido com gravidade numa mão, outro na cara.

“Não há qualquer ambiguidade”, disse o líder da CGT, Philippe Martine, citado pelo Le Parisien. “Combatemos a Frente Nacional”. Martinez acusou os governos de esquerda e de direita pelo avanço da extrema-direita em França.

Em toda a França houve um outro grupo que se manifestou — foram os eleitores descontentes com os candidatos que passaram à segunda-volta. Formaram a Frente Social e aproveitaram o 1.º de Maio para dizer que rejeitam Macron e Le Pen.

No resto do país as marchas forma pouco concorridas, como em Paris: 4800 pessoas em Marselha, seis mil em Toulouse, cinco mil em Lyon e ainda menos em Estrasburgo: 2000.