"Há sorte, há criatividade e há mérito neste Governo", diz Rui Rio
Ex-autarca esteve na Madeira a falar sobre gestão autárquica na Universidade da JSD do arquipélago. Não quis abordar temas nacionais, mas à margem do evento sempre foi dizendo que é “normal” apoiar o candidato do partido no Porto e que o actual Governo tem sido criativo.
Não se vê novamente como autarca, e, para já, rejeita abordar a vida interna do PSD ou avaliar o desempenho do partido na oposição. Sobre o Governo de António Costa, fala em sorte, alguma criatividade, mas admite também mérito. Rui Rio esteve este domingo na Madeira, a convite da JSD local, para intervir na Universidade Jota Autárquica 2017, uma oportunidade para destacar o papel do poder local no desenvolvimento do país.
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Não se vê novamente como autarca, e, para já, rejeita abordar a vida interna do PSD ou avaliar o desempenho do partido na oposição. Sobre o Governo de António Costa, fala em sorte, alguma criatividade, mas admite também mérito. Rui Rio esteve este domingo na Madeira, a convite da JSD local, para intervir na Universidade Jota Autárquica 2017, uma oportunidade para destacar o papel do poder local no desenvolvimento do país.
À margem – e insistindo em falar “zero sobre questões internas do partido” –, o antigo autarca do Porto justificou o apoio a Álvaro Almeida, o candidato que o PSD escolheu para defrontar Rui Moreira em Outubro. “Uma atitude absolutamente normal”, explica.
“Sou cidadão do Porto, nasci no Porto, voto no Porto, o normal é que eu apoie o candidato que é proposto pelo meu partido”, desdramatizou, argumentando que o cenário que se verificou há quatro anos, quando esteve ao lado de Rui Moreira em detrimento de Luís Filipe Menezes, decorreu de uma situação “completamente anormal” provocada pelo partido. “Pode dizer-se que já houve momentos em que não o fiz [apoiar o candidato do partido], mas foi motivado por uma situação completamente anormal, eu também tive uma atitude anormal.”
Apesar da insistência, Rio pouco mais disse sobre o dossier autárquico, sobre a actual liderança do partido ou sobre a conjuntura política nacional, preferindo centrar a conversa, lá dentro na Universidade Jota e cá fora com os jornalistas, na “obra absolutamente notável” que o poder local fez no pós-25 de Abril, quando comparada com os sucessivos governos.
Pelo meio, e enquanto falava das virtudes da política de proximidade e do despesismo do Estado, Rio defendeu que os governos devem ser mais criativos, de forma a reduzir a despesa e poder baixar os impostos. E o actual Governo é criativo? O ex-autarca, que já admitiu estar disponível para liderar o PSD, sorri. “Teve sorte, teve criatividade e teve mérito, é preciso dizê-lo. Teve de tudo um pouco, como é lógico”, responde ao PÚBLICO ainda antes de entrar na Universidade Jota, voltando depressa ao tema que o levou ao Funchal.
“Se formos pelo país, vemos o que eram aquelas cidades pequenas e de média dimensão e a qualidade de vida que hoje apresentam às populações. É absolutamente brutal, principalmente se compararmos com o trabalho da administração central”, disse Rui Rio, acrescentando que essa diferença de desempenho acentua-se ainda mais se olharmos para o endividamento do país.
“A administração central mostrou que é especialista em endividar o país”, afirmou, justificando com o peso das autarquias na dívida pública. Nas contas de Rio, o endividamento dos municípios é uma gota no mar da dívida nacional. “A divida pública portuguesa representa 130% do PIB e está aí metida a dívida de todas as autarquias. Se retirarmos a dívida bancária das autarquias, será cerca de 127,5% ou 128%. Ou seja, o endividamento público deste país foi feito pela administração central”, concluiu, insistindo que apesar de alguns exemplos de câmaras municipais “muito mal geridas”, o saldo global é notável.
Por isso, e porque as políticas de proximidade trazem muitas vantagens – “o decisor dever estar sempre o mais perto possível do problema, pois a probabilidade de decidir bem é muito maior do que quando está longe” –, Rui Rio voltou a defender a regionalização do país.
Um processo, adianta, que deve ser o mais consensual possível. Sem partidarites, com bom senso e abordado num clima de unidade nacional. “Era vital, não só para o próprio regime político, como para a própria economia, para se poder gerir melhor com menos dinheiro”, argumenta, ressalvando que se um dia for feita, a regionalização dever servir para o país gastar menos e melhor. “Se for para gastar o mesmo ou para gastar mais, e degradar a dívida publica portuguesa, deixemos estar como está.”
“Não podemos ir para um debate deste género com preocupações de partidos ou até regionais. Temos que olhar para o país como um todo”, avisa.