Fargo ou a tragicómica forma de existir no pequeno Minnesota

A série, criada por Noah Hawley a partir do original dos irmãos Coen, regressa este domingo no TVSéries para a terceira temporada. Com Ewan McGregor no papel de dois irmãos rivais.

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Quase um ano e meio após o final da segunda temporada de Fargo, somos convidados a viajar de novo até à pequena cidade do interior do Minnesota onde simples esquemas criminosos se transformam em tragédias de grandes proporções. A terceira temporada da série antológica, adaptada por Noah Hawley (Ossos, Legion) ao pequeno ecrã a partir do aclamado filme de 1996 de Joel e Ethan Coen, estreia-se este domingo às 23h no TVSéries e conta a história de dois irmãos (Emmit e Ray Stussy, ambos interpretados por Ewan McGregor), completos opostos um do outro, que vão estar na origem de mais um dos singulares crimes da série. “Precisamos de uma infraestrutura de crime que sustente o nível de ameaça durante [a trama], e que garanta que o espectador esteja sempre um pouco preocupado com toda a gente. Dentro disso, é possível ter momentos cómicos”, afirmou Noah Hawley ao The Hollywood Reporter.

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Quase um ano e meio após o final da segunda temporada de Fargo, somos convidados a viajar de novo até à pequena cidade do interior do Minnesota onde simples esquemas criminosos se transformam em tragédias de grandes proporções. A terceira temporada da série antológica, adaptada por Noah Hawley (Ossos, Legion) ao pequeno ecrã a partir do aclamado filme de 1996 de Joel e Ethan Coen, estreia-se este domingo às 23h no TVSéries e conta a história de dois irmãos (Emmit e Ray Stussy, ambos interpretados por Ewan McGregor), completos opostos um do outro, que vão estar na origem de mais um dos singulares crimes da série. “Precisamos de uma infraestrutura de crime que sustente o nível de ameaça durante [a trama], e que garanta que o espectador esteja sempre um pouco preocupado com toda a gente. Dentro disso, é possível ter momentos cómicos”, afirmou Noah Hawley ao The Hollywood Reporter.

Desta vez, a acção de Fargo passa-se em 2010 (na primeira e na segunda temporadas, havia-se passado em 2006 e 1979, respectivamente) e aproxima-se mais do que nunca do mundo tecnológico em que vivemos. O elemento absurdo e inesperado continua bem vincado, assim como o forte tecido social que une os locais daquela pequena cidade – o chamado “Minnesota nice” que destaca as boas maneiras e a amabilidade de quem ali vive e que entra em disrupção total quando um crime é cometido. Naturalmente, tratando-se de uma série antológica (em que, por mais que o pano de fundo se mantenha, o elenco e a história mudam a cada temporada), tudo o resto é diferente.

Minnesota nice

Em meados dos anos 1990, aquando da repartição de bens deixada em testamento pelo pai, os irmãos Emmit e Ray recebem, respectivamente, um carro e uma colecção de selos. Por sugestão do irmão mais velho, Ray concorda na troca dos bens herdados, passando a ser ele i dono de um Corvette Stingray. Vinte anos depois, essas escolhas continuam a ter consequências nas suas vidas. Agora, Emmit é um bem-sucedido empresário e homem de família e Ray, por sua vez, é um supervisor da polícia falhado. Para recuperar aquilo que era inicialmente seu, o benjamim da família contrata Maurice, um criminoso desajeitado que vai desencadear uma ridícula sequência de acontecimentos que acabam, como é habitual, em morte e tragédia. “Emmit sabia que o valor dos selos aumentava com o tempo e que o dos carros diminuía. Sendo o irmão mais velho e mais inteligente, levou Ray a trocar”, explica o criador.

É assim que chega à história a detective Gloria Burgle (Carrie Coon), a chefe da polícia encarregada de desvendar o mistério do crime, ao mesmo tempo que lida com a separação do marido, que a trocou por um homem, e com um mundo que se relaciona mais através da tecnologia do que cara-a-cara. Caracterizada como um “mulher fora do seu tempo”, Gloria é a personificação da máxima “Minnesota nice” e do exagerado sentido de amabilidade e cortesia típico de uma região historicamente isolada nos picos do Inverno. “Vivemos num mundo moderno e há uma espécie de nostalgia em relação a um tempo e a um espaço mais simples. Mas esses próprios tempo e espaço têm a mesma dificuldade que nós temos em lidar com a modernidade”, assinala Noah Hawley.

Emmit, o irmão mais velho, tem de lidar com o misterioso V.M. Varga (David Thewlis, cujo adereço é uma dentição bastante característica), que vem ao seu encontro em representação de um grupo misterioso que lhe emprestou dinheiro. Inesperadamente, o capitalista não vem pedir-lhe o dinheiro de volta – antes chama-lhe um "investimento". Mas nos momentos em que aparece, é perturbador o suficiente para adensar a intriga.

À semelhança das anteriores, esta temporada de Fargo tem dez episódios e muito provavelmente estará vinculada, de alguma forma, a uma das anteriores. “Vai haver ligação da mesma forma que a primeira temporada foi ligada ao filme e que a segunda temporada foi ligada à primeira, mas acho que a parte divertida é ir descobrindo essas coisas”, disse o criador da série em entrevista à Entertainment Weekly, sem adiantar muito mas não descartando a possibilidade de o espectador ver novamente personagens de outras temporadas.

Descrita como mais cómica, o certo é que nada pode ser estranho de mais para esta terceira temporada (tendo em conta que houve aliens em 1979...). A influência dos irmãos Coen, listados como produtores executivos da série, continua a fazer-se sentir tanto no conteúdo como na forma. Talvez seja essa a fórmula vencedora para o sucesso televisivo de Fargo, que desde a sua estreia em 2014, já arrecadou dois Globos de Ouro e cinco Emmys.