Dez mil euros, foi quanto custou o jornal de Alberto João Jardim

O Jornal da Madeira, o matutino que durante os últimos anos do jardinismo foi arma política do PSD-Madeira, à custa de 50 milhões de euros do orçamento regional, está vendido.

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Rui Gaudencio

O jornal onde Alberto João Jardim, em nome da “pluralidade informativa”, escrevia diariamente contra os adversários políticos e que custou, nos últimos anos, mais de 50 milhões de euros ao orçamento regional da Madeira vai finalmente ser vendido. O "finalmente", aqui, traduz as dificuldades que o executivo de Miguel Albuquerque teve para concretizar uma das promessas eleitorais, a alienação do Jornal da Madeira.

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O jornal onde Alberto João Jardim, em nome da “pluralidade informativa”, escrevia diariamente contra os adversários políticos e que custou, nos últimos anos, mais de 50 milhões de euros ao orçamento regional da Madeira vai finalmente ser vendido. O "finalmente", aqui, traduz as dificuldades que o executivo de Miguel Albuquerque teve para concretizar uma das promessas eleitorais, a alienação do Jornal da Madeira.

A ideia inicial do governo madeirense era vender o matutino até ao Verão do ano passado, mas, apesar da profunda reestruturação que foi alvo – pela via de rescisões de trabalhadores e ajustes de tiragem –, que se reflectiu numa descida dos suprimentos públicos de 2,6 milhões de euros para 1,2 milhões de euros, os sucessivos prazos avançados pelo governo regional para a conclusão do processo foram sendo adiados, por falta de interessados.

Só esta semana o dossier iniciado pouco após as regionais de 2015 ficou fechado, com o governo madeirense a anunciar a venda por dez mil euros. Um valor irrisório, se consideramos que no "pacote" da empresa consta também uma rádio local, a RJM.

Mesmo assim, o executivo está satisfeito. “A proposta de compra no valor de dez mil euros é, ainda assim, superior à avaliação independente pedida no início do processo, e existe um compromisso de investimento de um milhão de euros”, notou o secretário regional dos Assuntos Parlamentares e Europeus, Sérgio Marques, aos jornalistas, no final do conselho de governo de quinta-feira.

Os compradores são dois grupos económicos madeirenses. A ACiN, uma tecnológica, e a Rádio Girão, que integra o portfólio da AFA, ligada à construção civil e hotelaria. A empresa por ambas constituída garante a manutenção do actual quadro de trabalhadores e promete uma forte aposta na modernização do jornal, que no meio do processo de reestruturação viu o título ser alterado para JM-Madeira.

O primeiro número do jornal, sob a nova administração, sai a 1 de Julho.