Já se cortou a fita, mas o Cais do Sodré continua em obras

É só até ao fim deste mês, garante a Câmara Municipal de Lisboa. Nas últimas semanas foram feitas novas passadeiras e alargaram-se os passeios, eliminando lugares de estacionamento. Quantos? A autarquia não esclarece.

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Inaugurado há pouco mais de um mês com uma festa que teve dois concertos, bancas de artesanato e milhares de pessoas, o renovado Cais do Sodré ainda não se livrou definitivamente das obras. Nas últimas semanas os trabalhos concentraram-se na parte final da Avenida 24 de Julho, o que tem causado inúmeros transtornos à circulação pedonal.

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Inaugurado há pouco mais de um mês com uma festa que teve dois concertos, bancas de artesanato e milhares de pessoas, o renovado Cais do Sodré ainda não se livrou definitivamente das obras. Nas últimas semanas os trabalhos concentraram-se na parte final da Avenida 24 de Julho, o que tem causado inúmeros transtornos à circulação pedonal.

À semelhança do que já tinha acontecido nas imediações do Largo de Santos, os passeios foram alargados e o estacionamento praticamente desapareceu entre a nova sede da EDP, a Praça Dom Luís, o Mercado da Ribeira e a Praça Duque da Terceira. Além disso, a ciclovia que se inicia junto às Escadinhas da Praia foi esticada até à entrada da estação do Cais do Sodré. Nesse sítio, mais recentemente, foram as obras nas passadeiras e no separador central que mais incomodaram os peões e os utilizadores de transportes públicos, que durante muitos dias tiveram de esperar pelos autocarros no meio de terra batida.

“Isto tem estado sempre caótico, sobretudo de manhã ao sair da estação”, queixou-se uma trabalhadora da zona, Catarina, numa recente visita do PÚBLICO ao local. “E isto muda todos os dias, os peões nunca sabem por onde ir. Às vezes está vedado, outras vezes não está. É um Totoloto”, acrescentou.

O PÚBLICO tem vindo a questionar a Câmara Municipal de Lisboa sobre este tema há mais de um mês. Depois de insistentes pedidos de resposta, a autarquia informou na segunda-feira que a criação de passadeiras e a substituição da calçada portuguesa por um pavimento betuminoso junto à estação do Cais do Sodré “são obras novas” que não estavam previstas inicialmente. “Reparou-se que não havia piso confortável na aproximação às passadeiras nem guias de sinalização e aproximação”, esclareceu a câmara através do gabinete de comunicação.

Os restantes trabalhos – “a criação de um amplo passeio público arborizado na Av. 24 de Julho” – já estavam incluídos no projecto de requalificação do Largo de Santos, garante a autarquia. No site da câmara lê-se que o projecto desta intervenção previa obras apenas “até à esquina do Boqueirão dos Ferreiros” – junto à sede da EDP. A planta que prevê o reperfilamento da 24 de Julho a partir desse ponto até ao Cais do Sodré, publicada no mesmo site, tem data de 3 de Fevereiro.

Todas as obras, assegura o município, “estarão concluídas durante o mês de Abril”.

Dois novos parques de estacionamento em Santos

Com estas intervenções, a Av. 24 de Julho ficou sem várias dezenas de lugares de estacionamento. O PÚBLICO perguntou à câmara qual o número exacto de lugares eliminados, mas essa questão ficou sem resposta. A autarquia sublinha que “o projecto do novo Largo de Santos prevê 67 lugares de estacionamento e 5 espaços para motos” e que a Empresa Municipal de Mobilidade e Estacionamento de Lisboa (EMEL) vai começar a actuar nesta zona. Os parquímetros, aliás, já estão instalados.

Além disso, a câmara afirma que “vão ser criados dois parques de estacionamento na Rua Dom Luís I”, com 157 lugares ao todo. O maior deles terá capacidade para 99 automóveis e o outro, com 58 lugares, “será de utilização exclusiva para os residentes, com avenças mensais a preços bastante abaixo dos praticados no mercado”. Ou seja, 30 euros. Estes parques vão ser perto do IADE e ambos "deverão estar operacionais durante o mês de Maio."

As obras de renovação do Cais do Sodré começaram no fim de 2015 e foram dadas como terminadas a meio do mês de Março. Além de ter um parque de estacionamento fronteiro à estação de comboios ter sido transformado num jardim, a intervenção levou ao reordenamento do trânsito da zona e ao aumento dos passeios. Na festa de inauguração participaram B Fachada e os Dead Combo. Os trabalhos no Largo de Santos e na Av. 24 de Julho tiveram início em Maio de 2016.