Sonae admite internacionalizar supermercados Brio
Pinto Basto e Pais do Amaral alienaram a rede de supermercados biológicos que tinham adquirido em 2011. Sonae adiciona Brio à Go Natural
Por valor não revelado por nenhuma das partes, o grupo Sonae SGPS, através da sua participada para o retalho alimentar Sonae MC, acordou comprar a cadeia de supermercados Brio, especializados em alimentação biológica.
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Por valor não revelado por nenhuma das partes, o grupo Sonae SGPS, através da sua participada para o retalho alimentar Sonae MC, acordou comprar a cadeia de supermercados Brio, especializados em alimentação biológica.
Os vendedores foram o grupo The Edge, de José Luís Pinto Basto e de Miguel Pais do Amaral, que desde 2011 tinham acumulado uma participação de 80%, e um dos sócios fundadores da rede de seis unidades Brio, António Alvelos.
O grupo Sonae (proprietário do PUBLICO) entrou directamente na área de retalho alimentar especializado em produtos biológicos e para determinadas necessidades especiais de alimentação, ao adquirir 51% da Go Well, dona da cadeia Go Natural. O negócio foi anunciado em Dezembro de 2016, mas só aprovado em Janeiro último.
No caso da Go Well, os accionistas fundadores – a família Martorell – mantiveram-se como sócios minoritários, com 49% do capital. Antes da entrada directa no capital da Go Well, a Sonae tinha já feito um acordo com Joana e Diogo Martorell para o licenciamento da marca que ambos tinham criado em 2004. Na prática, o grupo dono do Continente assegurou a utilização da insígnia, passando a poder usar a designação Go Natural a supermercados especializados em alimentação biológica. Agora, a compra da Brio pode vir a ter consequências fora de portas.
Questionada sobre a possibilidade de internacionalização da área que passa a reunir a Go Natural e Brio, Inês Valadas, administradora da Sonae MC, respondeu que a “Brio poderá ser internacionalizada caso se revelem momentos e oportunidades propícios à aceleração de crescimento da empresa”.
Crescimento de 15% em 2016
Sobre a integração das marcas, Inês Valadas prefere adiar a resposta. “A operação acabou de se concretizar, pelo que essa questão ainda não foi devidamente estudada”. Mas salienta que Brio e Go Natura têm para já, pistas de corrida diferentes. “A Brio, com uma oferta de supermercados, e a Go Natural, que concilia supermercados com serviços de restauração e catering”. Acredita contudo que “com a sua integração na Sonae MC vão criar-se sinergias vantajosas para ambos, coim o máximo benefício para os consumidores”.
Quando fez a apresentação do primeiro supermercado Go Natural, em Lisboa, a 5 de Dezembro passado, Inês Valadas avançou que a meta da Sonae MC era deter seis unidades do mesmo tipo em 2017. O que, a somar-se às seis que a cadeia Brio tem actualmente (e se não houver obstáculos da Concorrência) pode representar um parque de 12 unidades para a Sonae nesta área no final deste ano – sem mais aquisições. Falta saber se com uma opção de marcas distintas ou unificadas.
Sob a gestora de capital de risco The Edge Capital, a cadeia Brio “foi um projecto que cresceu sempre em vendas e em número de lojas, lutando para atingir a massa crítica necessária neste tipo de negócio”, segundo Pinto Basto, administrador-delegado do The Edge Group.
A Brio “facturou cinco milhões de vendas em 2016, representando um crescimento de cerca de 15% face a 2015”, acrescentou. Declinando contabilizar a situação financeira da empresa, argumentou, contudo, que a retalhista alimentar especializada “é uma empresa sólida e tem uma base de partida muito interessante para a escala que a Sonae lhe pretende dar”.
Inês Valadas concorda que a “cadeia de supermercados Brio tem registado uma evolução estável e a situação actual foi uma oportunidade vantajosa para a Sonae MC”.
Em termos operacionais, “as seis lojas já existentes”, que são, salienta a gestora, “localizadas em locais-chave na área metropolitana de Lisboa”, irão continuar “a operar da mesma forma como até então”. No território, o “potencial de expansão” existe, reconhece, “não só na capital, mas também noutras regiões do país”.
Sobre a força laboral, vendedor e comprador divergem no número, mas não nas intenções. “A empresa tem 57 colaboradores, 50 dos quais nas lojas que serão todos mantidos na estrutura”, assegura Inês Valadas. “A empresa [Brio] passa para a Sonae com todos os seus activos e colaboradores (cerca de 40), que contarão seguramente com um futuro promissor no crescimento deste conceito”, respondeu José Luís Pinto Basto.
Pinto Basto: “foi uma operação equilibrada”
Como Inês Valadas, José Luís Pinto Basto, líder do The Edge Group, não revela o valor do negócio. E, no seu caso, também não revela se houve mais ou menos valia face ao montante gasto em 2011 para entrar na empresa Brio – Produtos de Agricultura Biológica.
Em resposta escrita ao PUBLICO, o gestor que tem como principal sócio Miguel Pais do Amaral, afirmou que todos os anteriores accionistas venderam “todos em simultâneo”, o que inclui um dos fundadores da rede, António Alvelos. “O valor do negócio é confidencial e incerto, pois tem uma componente fixa e outra variável, que só será determinada daqui a uns anos”, afirmou ainda. Mas, concluiu, “foi uma operação boa e equilibrada para as partes”.
Já sobre porquê vender agora, Pinto Basto defendeu: “sempre dissemos que estamos disponíveis para ‘passar o testemunho’ a quem consiga fazer melhor do que nós, como é o caso da Sonae em relação ao Brio”. “A nossa postura com todas as empresas participadas é ajudar ao crescimento e à criação de valor”, acrescentou, sobre a venda da empresa Brio após seis anos na carteira da The Edge Capital – onde estão também os ginásios Fitness Hut.
O grupo – com presença em várias áreas de actividade, desde o imobiliário até à recuperação da Labrador (vestuário) e da Majora (brinquedos) – sai dos supermercados biológicos, mas não do segmento. Segundo Pinto Basto, o The Edge mantém “os restaurantes Origem – Cozinha saudável, que estão em acentuado crescimento, bem como a produção de alimentos biológicos com a marca Tudupuru”, através da participada Renovgreen.
Já sobre o que irá o grupo que lidera fazer com o valor – nunca revelado – da venda da Brio, Pinto Basto reitera: “a nossa filosofia passa sempre por reinvestir o valor que criamos”. Admitindo um “especial carinho pela área da ‘saúde e bem-estar’” admitiu estar a “holding” que lidera “atenta” a “oportunidades que surjam, especialmente quando forem lideradas por equipas capazes e com provas dadas, que é um factor mais importante para o sucesso de qualquer iniciativa”.