Preço da OPA é “adequado”, diz a EDP Renováveis

A administração da EDP Renováveis considera que o preço de 6,80 euros que a EDP pretende oferecer por cada acção que ainda não controla da sua empresa de energias limpas é “adequado”.

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António Mexia e João Manso Neto lideram o conselho de administração e a comissão executiva da EDP Renováveis Daniel Rocha

O conselho de administração da EDP Renováveis pronunciou-se esta quarta-feira sobre a oferta pública de aquisição que a EDP lançou sobre 22,5% do capital e, embora admita que o preço pode não reflectir na íntegra o valor futuro da empresa, diz que é "adequado". Os administradores da EDP Renováveis também destacam que a oferta representa uma "oportunidade de liquidez" para os seus accionistas minoritários, que no conjunto detêm cerca de 196 milhões de acções da empresa.

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O conselho de administração da EDP Renováveis pronunciou-se esta quarta-feira sobre a oferta pública de aquisição que a EDP lançou sobre 22,5% do capital e, embora admita que o preço pode não reflectir na íntegra o valor futuro da empresa, diz que é "adequado". Os administradores da EDP Renováveis também destacam que a oferta representa uma "oportunidade de liquidez" para os seus accionistas minoritários, que no conjunto detêm cerca de 196 milhões de acções da empresa.

“Considerando a visibilidade quanto ao cumprimento dos objectivos do plano de negócios, a capacidade da geração de caixa da EDP Renováveis, bem como o potencial de crescimento do sector, o Conselho de Administração é de opinião que, não obstante a contrapartida oferecida pela Oferente poder não reflectir integralmente o valor potencial da empresa no longo prazo, o preço da Oferta se encontra num intervalo de valorização da sociedade que se considera adequado”, lê-se no comunicado que foi enviado nesta quarta-feira à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).

“A crescente concorrência no sector, que se destaca como um dos principais desafios e incertezas para o futuro” ou os “riscos potenciais decorrentes do entorno macro-económico, jurídico e fiscal nas diferentes geografias em que a EDP Renováveis opera”, são alguns dos argumentos que levam o conselho de administração presidido por António Mexia a considerar justo o valor da proposta da EDP (que tem Mexia como líder executivo) pelos 22,5% que ainda não controla na EDP Renováveis.

Outros são, por exemplo, “as métricas obtidas no mercado de capitais, através da análise da performance da EDP Renováveis, das estimativas de analistas assim como de múltiplos comparáveis”, lê-se no relatório, em cuja realização e discussão a EDP Renováveis sublinha que nenhum dos seus administradores com ligações à EDP (como Mexia e João Manso Neto) participou.

Constatando que "a decrescente liquidez da acção da EDP Renováveis ao longo dos últimos anos tem-se manifestado como um factor limitador ao desempenho" do título em bolsa, a oferta "constitui uma oportunidade de liquidez ao dispor dos Senhores Acionistas", salienta a empresa, num relatório que foi coordenado pelo administrador independente não executivo Acácio Piloto.

O documento, que foi votado em conselho na segunda-feira, também recorda que a contrapartida oferecida pela EDP representa um prémio de 9,7% relativamente à cotação de fecho da acção no dia anterior ao anúncio preliminar, e um prémio de 10,5% face à cotação média ponderada, dos seis meses anteriores ao anúncio. Embora represente uma desvalorização de 15% face aos 8 euros a que a empresa entrou em bolsa, em 2008.

Como sustentação para esta defesa do preço da OPA, a EDP Renováveis destaca ainda as conclusões dos relatórios que encomendou a três bancos: Deutsche Bank, UBS e Mediobanca. Diz a empresa que estas instituições “consideram que a contrapartida da oferta é justa do ponto de vista financeiro” e lembra ainda que este preço não incorpora um prémio de controlo, visto que a EDP, que é controlada pela China Three Gorges, “detém, e sempre deteve, o controlo accionista da EDP Renováveis”.

Há quem não concorde com estas considerações e tenha feito saber isso à administração da EDP. Como o PÚBLICO noticiou, a norte-americana MFS, que representa clientes com cerca de 4% do capital da EDP renováveis, considera que a oferta “não é justa para os accionistas minoritários” e tem condições para ser “materialmente mais elevada”. Por isso apelou à equipa de gestão liderada por Mexia que a reveja em alta.

O anúncio preliminar da oferta foi feito no final de Março e falta agora que a CMVM aprove o prospecto final. Tendo em conta que a EDP Renováveis vai pagar um dividendo de 5 cêntimos por acção a partir de 8 de Maio, na prática o valor oferecido aos accionistas minoritários por cada acção irá descer de 6,80 para 6,75 euros.

A operação, segundo a EDP, deverá ficar concluída entre o final do segundo trimestre e o início do terceiro. Para já, o conselho de administração da Renováveis recomenda que cada accionista minoritário "tome a decisão de aceitar, ou não aceitar, a oferta, em função da análise dos seus próprios objetivos, horizonte temporal de investimento e eventual necessidade de realização de liquidez para as acções da EDP Renováveis por si detidas".