Até ao final do ano, haverá 170 scooters eléctricas para partilhar em Lisboa
Dirigida para “as deslocações diárias dos cidadãos locais”, a rede partilhada pretende funcionar como um “complemento aos transportes existentes”. A viagem custa entre 24 e 29 cêntimos por minuto
Não há chaves, não há posto de carregamento nem um sítio específico onde as encontrar: as scooters eléctricas da eCooltra, apresentadas esta quinta-feira em Lisboa, podem estar em qualquer lugar da cidade. Estas motos funcionam de forma partilhada, alugadas através de uma aplicação. Como estão georreferenciadas, um mapa mostra-lhes onde estão as dezenas de motos que já andam pela cidade. Até ao final do ano serão 170, prevê Pedro Pinto, da eCooltra Portugal.
A verdade faz-nos mais fortes
Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.
Não há chaves, não há posto de carregamento nem um sítio específico onde as encontrar: as scooters eléctricas da eCooltra, apresentadas esta quinta-feira em Lisboa, podem estar em qualquer lugar da cidade. Estas motos funcionam de forma partilhada, alugadas através de uma aplicação. Como estão georreferenciadas, um mapa mostra-lhes onde estão as dezenas de motos que já andam pela cidade. Até ao final do ano serão 170, prevê Pedro Pinto, da eCooltra Portugal.
A aplicação móvel é “o cérebro electrónico da scooter”, é o que permite ligá-la e desligá-la. Depois de ter a aplicação no telemóvel, o utilizador tem que fazer o registo. Entre as várias informações pessoais são pedidos os dados da carta de condução. Estas motos, com 50 cm3, apenas podem ser usadas por condutores com, pelo menos, categoria B (automóveis ligeiros). Depois de os dados serem validados (o processo pode demorar uns minutos), o utilizador vê no mapa qual a scooter mais próxima e pode fazer a reserva. Tem então 15 minutos para activar a mota e seguir viagem.
Uma vez que não existem estações fixas, pode levantar e largar a scooter em qualquer lado. Mas, ainda que a circulação seja livre, apenas pode começar e terminar viagem nas zonas assinaladas no mapa a azul: de Algés à Expo, do Terreiro do Paço ao Lumiar.
Uma scooter carregada tem autonomia para percorrer 45 km, mas na estrada pode encontrar motos menos autónomas. A informação sobre cada veículo está disponível no mapa da aplicação. A mudança das baterias, assim como o seguro, manutenção e limpeza, são responsabilidade da empresa. Há uma equipa operacional a trabalhar 24 horas para isso.
Na hora de pagar, a viagem pode custar 24 cêntimos por minuto, com uma franquia do seguro de 500 euros (em caso de prejuízo, é esse o valor que fica a cargo do utilizador), ou 29 cêntimos com uma franquia de 99 euros. Segundo o director executivo da eCooltra, Timo Buetefisch, num ano de actividade em Barcelona, a cidade pioneira, não houve qualquer roubo de motos “nem complicações de maior”.
Foi da experiência na cidade espanhola que foi possível concluir que, em média, os utilizadores usam as scooters por 15 minutos, percorrendo cerca de 4 kms. Uma viagem com um custo médio de 3,60 euros.
É para estes percursos curtos que as scooters são pensadas. Dirigida para “as deslocações diárias dos cidadãos locais”, a rede partilhada de motos pretende funcionar como um “complemento aos transportes existentes”. Há a possibilidade de funcionar de forma articulada com a oferta de bicicletas partilhadas que este Verão chega a Lisboa, reiterou Pedro Pinto.
As motos estão equipadas com dois capacetes e disponíveis a partir das 6h até à meia-noite. Fora desse horário apenas pode terminar uma viagem já em curso. Cada moto vem equipada com dois capacetes.
Mudar “o paradigma da mobilidade urbana”
As scooters, fabricadas na Alemanha, funcionam por meio de uma aplicação com tecnologia portuguesa. Disponível na App Store e Google Play, a aplicação foi desenvolvida pelo Centro de Excelência para a Inovação da Indústria Automóvel (CEiiA), de Matosinhos. Uma parceria que permite a André Dias, responsável pelos sistemas inteligentes no CEiiA, considerar esta rede partilhada como o “projecto mais avançado e ambicioso de motosharing [partilha de motos] a nível mundial”. Em Lisboa, o investimento ronda os 750 mil euros, com a eCooltra a esperar um retorno de 550 mil este ano.
O secretário de Estado da Indústria, presente no evento, está confiante que “a mobilidade urbana vai ser eléctrica mais rapidamente do que se espera”. Sobre a possibilidade de a tecnologia ser aplicada em veículos do Governo ou do município, João Vasconcelos afirmou que as mobilidades de partilha de veículos são “soluções óbvias hoje em dia”, salientando que é um trabalho que já está a ser feito na frota governamental.
Como em qualquer negócio, “o crescimento do número de motos em Lisboa depende da adesão”. Mas a empresa não exclui a possibilidade de implementar a rede noutras zonas do país. “Temos alavancagem financeira para avançar para outras cidades”, referiu o responsável pela eCooltra Portugal.
Lisboa foi a segunda cidade escolhida para a criação da rede de motos partilhadas, depois de, no ano passado, ter começado em Barcelona. A cidade espanhola, que começou com uma frota de 250, tem neste momento 350 motas eléctricas. Segue-se a implementação em Roma e Madrid.
A eCooltra é uma subsidiária da Cooltra, uma empresa com financiamento espanhol e alemão, criada em 2006. A rede de aluguer da empresa conta actualmente com 11 mil scooters, duas mil das eléctricas, em vários países do Sul da Europa.