“É mais difícil tomar a opção de não vacinar um filho, mas estou segura do que fiz”
Decidiram não dar nenhuma vacina aos filhos. Como se protege um filho assim? Tanto Eugénia Varatojo como Manuela Ferreira falam da importância de reforçar o sistema imunitário e manter um estilo de vida equilibrado e saudável.
Eugénia Varatojo tem 59 anos e quatro filhos entre os 26 e os 34 anos. Manuela Ferreira tem uma filha de nove anos. Em comum, estas duas mulheres têm uma opção que ainda é rara em Portugal. Decidiram não dar nenhuma vacina aos filhos e asseguram que este caminho foi seguido de forma consciente e depois de procurarem muita informação sobre o tema. Além de não terem imunizado os filhos, dizem ter outra coisa em comum. Afirmam que as crianças foram sempre saudáveis. Ambas sabem que a opção que tomaram gera polémica, mas Eugénia é peremptória a responder: “Haverá alguém que queira o melhor para os meus filhos do que eu?”
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Eugénia Varatojo tem 59 anos e quatro filhos entre os 26 e os 34 anos. Manuela Ferreira tem uma filha de nove anos. Em comum, estas duas mulheres têm uma opção que ainda é rara em Portugal. Decidiram não dar nenhuma vacina aos filhos e asseguram que este caminho foi seguido de forma consciente e depois de procurarem muita informação sobre o tema. Além de não terem imunizado os filhos, dizem ter outra coisa em comum. Afirmam que as crianças foram sempre saudáveis. Ambas sabem que a opção que tomaram gera polémica, mas Eugénia é peremptória a responder: “Haverá alguém que queira o melhor para os meus filhos do que eu?”
Para Eugénia Varatojo o tema das vacinas é sempre discutido de forma demasiado áspera. Respeita a posição dos pais que vacinam as crianças e, por isso, gostaria que com a mesma naturalidade encarassem o facto de não ter vacinado os filhos, agora com 34, 31, 28 e 26 anos — e que, salienta, apesar de serem adultos ainda não tomaram a iniciativa de ir receber qualquer vacina.
Tiveram varicela e sarampo ainda na infância. “Curiosamente apanharam as doenças com crianças vacinadas, mas em casa e com tempo recuperaram e eu não culpo os pais dessas crianças”, diz Eugénia. A vacina contra a varicela não faz parte do Plano Nacional de Vacinação, mas a do sarampo sim. Em geral, a taxa de cobertura em Portugal é superior a 95%, o que ainda garante quase sempre a imunidade de grupo, mesmo a quem não é vacinado. Mas essa imunidade fica em risco quando aumenta o número de não vacinados.
E como se protege um filho que não está vacinado? Tanto Eugénia como Manuela falam em reforçar o sistema imunitário e em manter um estilo de vida equilibrado e saudável. Tiraram mais tempo para estar em casa com os filhos e optaram por preparar a maior parte dos produtos que lhes davam. Evitar açúcar, farinhas refinadas e produtos processados é uma opção que dizem estar na base dos bons resultados. “A minha filha tem nove anos e nunca tomou um antibiótico. Nunca teve uma otite ou uma bronquiolite”, insiste Manuela Ferreira, terapeuta na área da naturopatia.
Por isso mesmo, Manuela diz não perceber as críticas que lhe são feitas. “Se virmos bem, quem está em maior risco até é a minha filha que não está vacinada e, por isso, não vejo que esteja a pôr ninguém em risco. Dar-lhe as vacinas também não era garantia de que não tivesse as doenças. Não gosto quando se fala em passar a ser obrigatório darmos as vacinas. Eu não sou dona da minha filha, mas sei tomar as melhores opções para ela.”
Problemas nas escolas
Ainda assim, Manuela admite que possa vir a rever a sua posição em casos particulares, como uma viagem para países tropicais, com doenças mais graves. “E se a minha filha tivesse nascido numa família com carências ou com más condições de higiene se calhar também tinha vacinado. Como mãe, obviamente, que tomo estas opções de forma consciente e responsável e, se um dia for necessário, claro que as vou rever. Mas até agora não me faz sentido sobrecarregar um bebé de vacinas quando o sistema imunitário está em formação e as vacinas até podem espoletar outros problemas”, acrescenta.
Eugénia Varatojo, que é também uma das responsáveis pelo Instituto Macrobiótico de Portugal, insiste que não dar vacinas não é uma opção “leviana”. “É mais difícil até tomar a opção de não vacinar um filho, mas estou segura do que fiz. Ninguém questiona quem quer dar vacinas, mas a nós sim. Até sei de pais que queriam não dar e dão porque têm receio das reacções.”
No seu caso, estudou o tema e também concluiu que “não fazia sentido dar às crianças doses excessivas de medicamentos, com efeitos secundários e com razões que por vezes nem são bem claras”. No entanto, Eugénia faz questão de salientar que a medicina tem vários avanços “notórios e fantásticos” noutras áreas.
Pelo caminho, ao longo destes anos, tanto Manuela como Eugénia foram confrontadas com várias perguntas e críticas por não vacinarem os filhos. E enfrentaram também alguns problemas burocráticos. A filha de Manuela está numa escola pública e, para contornar o boletim de vacinas desactualizado, apresentou uma declaração da pediatra em como a menina é saudável. Eugénia teve problemas semelhantes em escolas públicas e privadas e garante que perdeu bastante tempo para solucionar o assunto sem actualizar o boletim.