Uma mulher, uma mota e uma aventura sem rede
O namorado disse-lhe que era "só para rapazes" e ela provou que estava enganado. Sem trabalho e sem casa e a viajar pelo mundo de mota — é assim a vida de Nikki, uma aventureira natural do Alasca
Nikki Misurelli, abraçou uma aventura a solo depois de o (agora) ex-namorado lhe ter dito que era “demasiado perigoso”, contou ao The Independent. “Perguntei-lhe se podia ir com ele, mas ele disse que era só para rapazes, demasiado perigoso e intenso. E que eu não conseguiria aguenta”, explica Nikki.
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Nikki Misurelli, abraçou uma aventura a solo depois de o (agora) ex-namorado lhe ter dito que era “demasiado perigoso”, contou ao The Independent. “Perguntei-lhe se podia ir com ele, mas ele disse que era só para rapazes, demasiado perigoso e intenso. E que eu não conseguiria aguenta”, explica Nikki.
Essa relação terminou e começou uma com a sua Honda CBR 600rr. A Alaska Moto Girl (motoqueira do Alasca), como Misurelli é conhecida nas redes sociais, foi da sua terra natal até ao Panamá. Misurelli não quer provar nada a ninguém e desassocia a decisão de conhecer o mundo da condescendência do ex-namorado. Sublinha que ele "foi simplesmente a pessoa que lhe deu a ideia".
Tenda, rede e alguma roupa
Para financiar a viagem, Misurelli vendeu todos os seus pertences e levantou o dinheiro que tinha poupado para a reforma. “Muitas pessoas assumem que sou rica”, explicou Misurelli ao The Independent. “Mas não é verdade. Eu não tenho casa e tenho poucos bens. Levantei todo o meu dinheiro da reforma e vendi o que tinha. É incrível quão pouco precisamos na vida.” Na estrada carrega apenas uma tenda, uma rede para dormir, um saco-cama e alguma roupa.
Entre viagens, a motoqueira do Alasca trabalha em part-time, para conseguir juntar algum dinheiro. Não tem muitas despesas porque, apesar de não planear em adiantado, dorme onde pode — seja um hostel, uma tenda ou sofá. Em Itália, chegou mesmo a dormir num túnel de auto-estrada. “Fiz campismo nas montanhas, mas era muito frio – estava a chover e precisava de um sítio quente sem chuva ou vento”, conta. “Não queria estar com pessoas ou procurar um Airbnb, então decidi arriscar. Podem acontecer coisas más em qualquer parte do mundo, mas há mais boas do que más pessoas”.
"A vida e as viagens não são sempre fáceis"
A viajante assegura que nunca se sente sozinha porque até a conversa de circunstância numa bomba de gasolina a deixa mais animada. Já percorreu mais de 20 mil quilómetros na sua jornada com uma mota desportiva que transformou em mota de aventura. Passou por mais de nove países: Costa Rica, Panamá, Itália, Espanha, França, Gibraltar, Portugal, Áustria, Eslovénia, Marrocos, entre outros.
“Tenho muitos objectivos e aspirações na vida. O meu objectivo principal é viajar todo o mundo.” Por agora, o plano é trabalhar na Austrália ou nos EUA para juntar algum dinheiro e seguir com a aventura. No passado, Misurelli serviu à mesa e trabalhou na construção civil. Dentro de seis meses, a aventureira do Alasca vai voltar à estrada. O objectivo é ir para o Médio Oriente ou para o Norte de África.
Quando tirou a carta de mota, conduzia apenas para ir ao supermercado e circular na sua terra natal, mas percebeu que isso não era suficiente. “Quero ver e aprender tanto quanto o possível. Quero experienciar tudo o que a vida tem para oferecer”, explica Misurelli, que acrescenta que a viagem não é planeada: “Eu não tenho uma rota exacta, deixo tudo em aberto. É espontâneo e aleatório. A vida e as viagens não são sempre fáceis, mas tenho que descobrir o que me faz física e mentalmente mais forte.”
Misurelli admite que o estilo de vida que leva não é simples, mas explica que se alguém quer suficientemente alguma coisa, nada pode ser entrave. “Eu desejo inspirar e motivar outras pessoas a amarem a vida e a perseguirem os seus sonhos. Quero que mulheres do mundo inteiro saiam à rua e comecem a viajar”, diz Misurelli assumindo-se como inspiração.