No crédito Cereja do BNI não há prestações mensais de juros e capital

Crédito só será pago quando o cliente decidir sair da habitação ou com a sua morte.

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Prazo do empréstimo vai sendo alargado, de forma a garantir permência do cliente na habitação. PAULO RICCA / PUBLICO

O produto de crédito lançado pelo Banco BNI Europa, destinado a clientes com mais de 65 anos e que tenham uma casa paga, para dar como garantia (hipoteca), não permite o pagamento mensal de juros e capital. Tal como o PÚBLICO noticiou na edição desta quarta-feira, o produto tem características distintas da generalidade do crédito ao consumo, que podem encarecer o seu custo, mas que o banco apresenta como “o crédito que vai ser pago pela casa e não pelo cliente”.

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O produto de crédito lançado pelo Banco BNI Europa, destinado a clientes com mais de 65 anos e que tenham uma casa paga, para dar como garantia (hipoteca), não permite o pagamento mensal de juros e capital. Tal como o PÚBLICO noticiou na edição desta quarta-feira, o produto tem características distintas da generalidade do crédito ao consumo, que podem encarecer o seu custo, mas que o banco apresenta como “o crédito que vai ser pago pela casa e não pelo cliente”.

Ao contrário da informação prestada pela linha de atendimento telefónico da instituição, que admitia o pagamento de juros mensais, o pagamento de juros apenas pode ser feito em tranches anuais. Se o cliente optar pelo não pagamento de juros, o banco soma esse valor ao capital do empréstimo. Ou seja, o banco concede anualmente novo financiamento para os juros, o que faz crescer a dívida e os respectivos juros a pagar.

Uma simulação simples, de um crédito de 50 mil euros, a 20 anos, sem pagamento de juros, eleva o custo total do empréstimo para 184 mil euros. A consideração de um prazo mais curto, de cinco anos, faz cair a simulação, feita pela instituição, para 69 mil euros.

O produto está concebido para ter carência total de capital, ou seja, o seu valor será pago apenas no final do prazo. Ainda assim, podem ficar previstas amortizações antecipadas, sem penalização, ou serem feitas amortizações extraordinárias, pagando uma penalização de 2%, como prevê a legislação em vigor, explicou ao PÚBLICO Jorge Delgado, director da unidade de Crédito Hipotecário do Banco BNI Europa.

O prazo do empréstimo e seu valor variam em função da idade e do valor do imóvel, que tem necessariamente de ser o da habitação e não outro. A relação de financiamento/garantia variará entre 20% e 50%, sendo mais alargada para os clientes mais idosos.

Jorge Delgado destaca como vantagens do crédito o facto de os clientes ficarem a residir sempre na habitação, uma vez que o crédito só é pago apenas quando decidem deixar o imóvel, ou por sua iniciativa, ou no momento da sua morte. Recorda que depois de concluído o prazo inicial, o empréstimo pode ser prolongado de forma automática por períodos de três anos.

O responsável do BNI, instituição detida por capitais angolanos, a operar em Portugal desde 2014, adianta que o pagamento que o banco assume será feito através do valor da venda da habitação, não havendo encargos para os herdeiros.

A linha de crédito tem por base numa taxa anual nominal (TAN) entre 6% e 8%. Trata-se de uma taxa fixa, ou seja, não sofre alterações durante o prazo do empréstimo. A taxa anual efectiva (TAE), que já inclui os encargos do empréstimo, ficará acima dos 7%.

Dependendo da finalidade, há crédito ao consumo, sem hipoteca de imóvel ou prestação de outras garantias, com taxas de juro mais acessíveis. O director da unidade de Crédito Hipotecário do Banco BNI Europa lembra que a taxa de juro reflecte o risco deste tipo de crédito, designadamente uma desvalorização do imóvel ou a renovação do empréstimo por um período longo de tempo.