Google quer estudar dez mil pessoas para criar um mapa da saúde humana

Empresa vai compilar estatísticas sobre o humor, horas de sono, batimento cardíaco, audição, dieta, e movimento dos participantes.

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A empresa quer perceber a transição da saúde para a doença Rui Gaudencio

O Google já reúne informação sobre a vida online dos seus utilizadores. Agora, quer acumular um histórico sobre a saúde das pessoas numa plataforma digital descrita como "o Google Maps, mas para a saúde". Para tal, lançou o Baseline Project. A missão é reunir dados suficientes para criar “um mapa e uma bússola que apontem o caminho para a prevenção de doenças.”

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O Google já reúne informação sobre a vida online dos seus utilizadores. Agora, quer acumular um histórico sobre a saúde das pessoas numa plataforma digital descrita como "o Google Maps, mas para a saúde". Para tal, lançou o Baseline Project. A missão é reunir dados suficientes para criar “um mapa e uma bússola que apontem o caminho para a prevenção de doenças.”

A primeira parte, porém, é arranjar pessoas para fazer parte deste mapa através de um estudo inicial de quatro anos. São precisas cerca de dez mil pessoas, maiores de 18 anos, de diferentes faixas etárias, origens, e com historiais médicos de todo o mundo. Os interessados, se escolhidos, terão de se encontrar pessoalmente com investigadores até quatro vezes por ano, testar novas aplicações e aparelhos tecnológicos para monitorizar a saúde, e preencher inquéritos e diários sobre o seu estilo de vida e saúde.

A partir dos dados, o Google vai compilar estatísticas sobre o humor, horas de sono, batimento cardíaco, audição, dieta, e movimento dos participantes. Segundo a empresa, "toda a informação ficará armazenada numa base de dados encriptada com acesso restrito". O objectivo é analisar o processo que leva alguém saudável a ficar doente, para perceber se há pistas que os médicos estão a ignorar, nomeadamente, em casos de cancro e de problemas cardiovasculares.

“Actualmente, grande parte do que assistimos como médicos são pequenos momentos no tempo depois de o indivíduo ficar doente. Falta-nos muita informação útil sobre os anos antes da doença”, diz Sanjiv Sam Gambhir, o director de radiologia da Universidade de Stanford, um dos parceiros do Google no estudo. “Ao focarmo-nos na saúde de uma população ampla podemos ter um impacto significativo no bem-estar de pacientes em todo o mundo”.

Além da Universidade de Stanford, o Baseline Project também conta com a participação da Universidade de Duke, e da Verily uma empresa da dona do Google, a Alphabet. Na fase inicial do estudo, os participantes virão das duas universidades parceiras.

Segundo a directora da Verily, Jessica Mega, o estudo vem da conclusão de que os avanços nas “áreas da ciência e tecnologia permitem caracterizar a saúde humana com uma precisão e detalhe nunca antes visto”. Não é a primeira vez que o Google investe na área da prevenção de doenças.

Além da Verily, a Alphabet também é dona da Calico, uma empresa que se foca na área da saúde e bem-estar e cujo propósito é combater o envelhecimento e doenças associadas.

Nancy Brown, a directora da American Heart Association diz, em comunicado, que o novo projecto do Google pode mudar o ângulo de abordagem de várias doenças: “O resultado deste estudo pode inspirar uma nova geração de ferramentas direccionadas à prevenção ao invés do diagnóstico e do tratamento”.