A tua postura corporal começa a definir-se aos sete anos
Há "diferenças significativas" entre rapazes e raparigas no que diz respeito à postura corporal. O período infância é "essencial" para o desenho da neutralidade postural, defendem os investigadores
Um estudo do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto (ISPUP), com cerca de 2.400 crianças, concluiu que a postura corporal dos indivíduos começa a ser definida aos sete anos, havendo diferenças "significativas" entre rapazes e raparigas. "As crianças do sexo feminino apresentaram uma maior prevalência de um tipo de postura com curvaturas da coluna aumentadas (hiperlordótica), enquanto apenas 5% dos rapazes possuem" esse padrão postural, prevalecendo, nestes, uma tipologia caracterizada por um deslocamento posterior da coluna relativamente aos membros inferiores, indicou o investigador principal do projecto, Fábio Araújo.
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Um estudo do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto (ISPUP), com cerca de 2.400 crianças, concluiu que a postura corporal dos indivíduos começa a ser definida aos sete anos, havendo diferenças "significativas" entre rapazes e raparigas. "As crianças do sexo feminino apresentaram uma maior prevalência de um tipo de postura com curvaturas da coluna aumentadas (hiperlordótica), enquanto apenas 5% dos rapazes possuem" esse padrão postural, prevalecendo, nestes, uma tipologia caracterizada por um deslocamento posterior da coluna relativamente aos membros inferiores, indicou o investigador principal do projecto, Fábio Araújo.
Estes são alguns dos resultados de um trabalho desenvolvido pelo ISPUP, em parceria com a Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP), no qual foram avaliadas 1.147 raparigas e 1.266 rapazes, com sete anos, com o objetivo de perceber em que momento da infância surgem os tipos de postura já conhecidos e identificados. Destes, explicou o especialista, o primeiro é alinhado e equilibrado, estando os outros três (designados por não-neutros) associados ao desenvolvimento de diferentes patologias na coluna.
Em declarações à Lusa, o especialista indicou que dentro dos três padrões posturais não-neutros existem aqueles que são caracterizados por um deslocamento posterior da coluna relativamente aos membros inferiores, com uma grande e longa curvatura da região torácica (primeiro padrão). O segundo padrão não-neutro refere-se a uma rectificação da coluna, ou seja, são casos em que os indivíduos sofrem perdas da magnitude das curvaturas da coluna, enquanto no terceiro se encontra uma postura hiperlordótica, com um aumento dessa magnitude.
De acordo com o investigador, as diferenças encontradas neste estudo podem ser um dos factores que explica porque é que patologias como a escoliose (desvio da coluna) são mais prevalentes nas raparigas e a doença de Scheuermann (aumento da curvatura superior do tronco) predominante nos rapazes. Na vida adulta, os primeiros dois tipos de postura não-neutra podem "contribuir para o desenvolvimento de dor da coluna e discopatia lombar (lesão do disco entre as vértebras da coluna)". Quanto ao terceiro padrão não-neutro, o hiperlordótico, pode levar ao desenvolvimento de listese vertebral (espondilolistese — quando ocorre um deslizamento acentuado das vértebras relativamente às vértebras adjacentes), acrescentou o investigador.
Fábio Araújo acredita que, com esta investigação, foi possível demonstrar, pela primeira vez, o quão "essencial" é o período infância para o desenho da neutralidade postural, devendo, por isso, as intervenções para promover uma postura saudável começar neste período precoce de vida. As crianças avaliadas participam do "Geração XXI", um projecto iniciado em 2005, que visa acompanhar o crescimento e o desenvolvimento de mais de 8.000 crianças nascidas em hospitais públicos da Área Metropolitana do Porto, ao longo a vida.
O estudo Defining patterns of sagital standing posture in girls and boys of school age ("Definindo padrões de postura sagital ereta em meninas e meninos de idade escolar") é financiado pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT), pelo Programa Operacional Saúde XXI e pela Fundação Calouste Gulbenkian e foi publicado na revista Physical Therapy. O grupo encontra-se agora a avaliar a relação entre o peso e a altura (índice de massa corporal) e os padrões posturais encontrados, trabalho cujos resultados preliminares sugerem a existência de uma ligação "bastante clara" entre os factores.
De acordo com o especialista, os resultados finais desse segundo trabalho podem servir de base para futuras investigações que visem verificar de que forma as medidas preventivas e de controlo de peso na infância podem ter efeito no desenvolvimento de uma postura saudável na vida adulta.