A violência em directo no Facebook Live

Já houve episódios de violação, confissão de crimes, tortura e suicídio transmitidos na rede social.

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O caso mais recente foi o assassinato de um idoso no Ohio Reuters

O Facebook tem um problema com violência nos seus vídeos em directo. Desde Abril de 2016 que a ferramenta de transmissões em directo da rede social – chamada Facebook Live – está disponível para os utilizadores em todo o mundo, mas o objectivo de ser utilizada pelos utilizadores para “contar as sua história, da sua maneira” tem sido marcado por episódios violentos.

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O Facebook tem um problema com violência nos seus vídeos em directo. Desde Abril de 2016 que a ferramenta de transmissões em directo da rede social – chamada Facebook Live – está disponível para os utilizadores em todo o mundo, mas o objectivo de ser utilizada pelos utilizadores para “contar as sua história, da sua maneira” tem sido marcado por episódios violentos.

Um ano depois do lançamento, falar destes vídeos implica falar também de assassinatos, violações, confissões de crimes, e suicídios. Só este ano, já existiram nos EUA vários casos polémicos.

O  mais recente foi no domingo passado, no Ohio, com a gravação de um idoso a ser morto a tiro por um homem que segura o telemóvel numa mão e uma arma na outra. Embora o incidente em si não tenha sido transmitido em directo, as imagens foram disponibilizadas pelo homicida pouco antes de começar um Facebook Live para falar do que acabara de fazer. Esta terça-feira, o suspeito suicidou-se no seguimento de uma perseguição policial.

Há mais. Em Março, a violação de uma adolescente de 15 anos por seis homens e rapazes (alguns eram menores) também foi transmitida em directo no Facebook. O crime foi visto em directo por cerca de 40 pessoas na rede social, sem que nenhuma delas o denunciasse às autoridades enquanto acontecia.

Já em Janeiro, quatro pessoas foram presas em Chicago após a publicação de um Facebook Live que as mostra a espancar um homem com problemas mentais, sob o pretexto de este ser racista. No mesmo mês, em Los Angeles, um homem, que ambicionava ser actor mas enfrentava acusações de agressão sexual, disparou sobre si mesmo numa transmissão em directo.

Apesar de polémica, a filmagem de actos violentos não é novidade: dez anos antes do homicídio de domingo – a 16 de Abril de 2007 – Cho Seung-Hui, o responsável pelo massacre de 32 estudantes americanos da Universidade de Virgínia Tech, tinha enviado fotografias e vídeos a explicar o sucedido ao canal de notícias NBC News, antes de se suicidar. “Quando chegou a altura, fi-lo. Tinha de o fazer”, diz nas gravações.

Mark Zuckerberg escreveu, numa publicação sobre o lançamento global do Facebook Live, em 2016, que “qualquer pessoa com um telemóvel tem agora o poder de transmitir em directo para qualquer pessoa no mundo”. Embora a empresa argumente que há uma equipa a funcionar a tempo inteiro para dar resposta a denúncias relacionadas com os vídeos em directo, a rede social demorou mais de duas horas a retirar o vídeo do assassino do idoso no Ohio.

A remoção de vídeos violentos é uma área cinzenta para a rede social. Após a transmissão em directo dos últimos momentos de um homem negro morto a tiro pela polícia dos Estados Unidos, numa operação stop, em Julho, o Facebook passou a remover apenas os vídeos da morte de alguém se fossem utilizados para “celebrar o acontecimento”. 

“Da mesma forma como nos abre uma janela para os melhores momentos na vida dos outros, também nos deixa ser testemunhas do pior”, lê-se num comunicado feito na altura pela rede social.