Maratona de Boston: há 50 anos esta mulher correu para desafiar. Agora correu para celebrar
Kathrine Switzer foi a primeira mulher a participar, com número oficial, e a terminar a maratona de Boston, protagonizando uma das fotografias mais icónicas do desporto. Esta segunda-feira, voltou à prova para assinalar o 50.º aniversário do feito.
Terminar uma maratona aos 70 anos, nomeadamente a de Boston, uma das mais famosa em todo o mundo, é obra. Foi o que fez esta segunda-feira Kathrine Switzer. Mas o que esta antiga atleta fez há 50 anos, na mesma prova, é ainda mais assinalável.
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Terminar uma maratona aos 70 anos, nomeadamente a de Boston, uma das mais famosa em todo o mundo, é obra. Foi o que fez esta segunda-feira Kathrine Switzer. Mas o que esta antiga atleta fez há 50 anos, na mesma prova, é ainda mais assinalável.
Em 1967, Switzer abriu as portas do atletismo às mulheres em todo o mundo ao terminar, e participar com dorsal oficial, a maratona de Boston, tornando-se a primeira mulher a fazê-lo. O feito valeu até uma das fotografias mais icónicas do desporto. Antes, também Roberta "Gobbi" Gibb concorreu na mesma prova mas sem dorsal e sem identificação.
A jovem de 20 anos, com o dorsal número 261, a ser agarrada por Jock Semple, o então director da corrida, que tentava impedir que a mulher participasse na prova que estava, na altura, vedada a atletas do sexo feminino. Este é o cenário que as fotografias, que ficaram para a história, retratam. Momentos depois, Semple é literalmente placado por Tom Miller, jogador de futebol americano e que participava também na maratona, e pelo treinador de Switzer, Arnie Briggs.
A atleta conseguiu que lhe fosse atribuído o número ao inscrever-se como K.V. Switzer, ocultando assim o nome feminino. Mas, como é natural, o seu género foi descoberto logo nos primeiros quilómetros pelos organizadores e pelos fotógrafos aí presentes e que captaram o momento do incidente com o director.
Quatro horas e 20 minutos depois Switzer cruzava a meta e tornava-se a primeira mulher a terminar a mais famosa maratona do mundo. Em 1972, apenas cinco anos depois, a organização da prova começou a aceitar inscrições de mulheres, depois de uma longa campanha feminista.
Agora, para celebrar o 50.º aniversário do feito, Switzer voltou ao local onde foi heroína. Voltou a terminar a prova (em que não participava desde 1976), desta vez com a marca de quatro horas, 44 minutos e 31 segundos, segundo o Boston Globe, e envergando novamente o número 261.
“Foi incrível”, disse a antiga atleta depois da corrida, citada pelo mesmo jornal. “Foi uma corrida de celebração, e em todo o caminho as pessoas estavam a apoiar-me”, afirmou ainda à CBS Boston.
A homenagem não se ficou por aqui e a organização anunciou que vai retirar o dorsal número de 261 em homenagem ao feito alcançado há 50 anos. “É o testemunho do poder deste número, que significa sem medo em todo o mundo agora”, reagiu.
Na edição deste ano, os atletas quenianos fizeram o pleno, com Geoffrey Kirui a impor-se no sector masculino e Edna Kiplagat a ganhar entre as mulheres.
Geoffrey Kirui venceu com o tempo de 2h09m37s, depois de se ter distanciado nos últimos seis quilómetros do norte-americano Galen Rupp, segundo, a 21 segundos. O japonês Suguru Osako fechou o pódio, ao chegar 51 segundos depois do queniano.
No sector feminino, a grande vencedora foi Edna Kiplagat. Na sua estreia na Maratona de Boston, a queniana correu em 2h21m52s e inscreveu uma nova linha num currículo que conta com vitórias nas maratonas de Londres, Nova Iorque e Los Angeles.
Kiplagat bateu Rose Chelimo, do Bahrein, que foi segunda, a 59 segundos, e a norte-americana Jordan Hasay, que na sua estreia na distância acabou na terceira posição, a 1m08s. com Lusa