Mais de mil presos palestinianos em greve de fome nas cadeias israelitas
Protesto pode incendiar ânimos quando se aproxima 50º aniversário da ocupação da Cisjordânia, Jerusalém Oriental e da Faixa de Gaza.
Mais de mil palestinianos presos em cadeias israelitas iniciaram nesta segunda-feira uma greve de fome na sequência do apelo do também prisioneiro Marwan Barghouti, líder da segunda intifada e visto como alguém que poderá ser um futuro Presidente da Palestina.
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Mais de mil palestinianos presos em cadeias israelitas iniciaram nesta segunda-feira uma greve de fome na sequência do apelo do também prisioneiro Marwan Barghouti, líder da segunda intifada e visto como alguém que poderá ser um futuro Presidente da Palestina.
Esta greve de fome, de duração indeterminada, é um protesto contra a política israelita de detenção sem julgamento que tem sido aplicada a milhares de palestinianos desde a década de 1980, além das más condições de detenção.
O Estado israelita diz que esta greve, que envolve presos condenados por ataques, ou por terem planeado ataques, tem motivos políticos e não carcerais. Barghouti, de 58 anos, é líder do partido Fatah, a principal força da Organização de Libertação da Palestina. Foi condenado a cinco penas de prisão perpétua, por ter morto israelitas no levantamento de 2000-2005, durante a segunda intifada, o levantamento palestiniano contra Israel que começou em Setembro de 2000, após a visita do então primeiro-ministro Ariel Sharon à Esplanada das Mesquitas, em Jerusalém
Se a greve de fome for continuada, pode representar um sério desafio para Israel, num momento em que se aproxima o 50º aniversário da ocupação israelita da Cisjordânia, Jerusalém Oriental e da Faixa de Gaza - em resultado da guerra dos seis dias, que decorreu entre 5 e 10 de Junho de 1967.
Só em 2005 as tropas e colonos israelitas saíram da Faixa de Gaza, que agora é governada pelo Hamas. As conversações de paz de Israel com o presidente da Autoridade Palestiniana - que controla a Cisjordância - com Israel, que se esperava que levassem à criação de um verdadeiro Estado palestiniano estão bloqueadas desde 2014.
O Clube dos Prisioneiros Palestinianos, uma organização não-governamental, avançou que mais de 1500 pessoas já aderiram à greve de fome, nas prisões israelitas.
O porta-voz da administração penitenciária israelita, Assaf Librati, disse à AFP que “700 presos comunicaram no domingo a intenção de aderir à greve de fome a partir de hoje”. Assaf Librati acrescentou que as autoridades estão a proceder a verificações para apurar quantas pessoas se encontram a cumprir o protesto de forma efetiva ou se limitam a cumprir uma greve de fome simbólica.
Segundo o Clube dos Prisioneiros Palestinianos, a administração penitenciária está a transferir os grevistas para outras prisões.
Actualmente, encontram-se nas prisões de Israel mais de 6500 presos palestinianos, entre os quais 62 mulheres e 300 menores. Mais de 500 estão sujeitos ao regime extrajudicial que permite a detenção sem a formalização de qualquer processo. Pelo menos 13 deputados palestinianos, de diferentes partidos políticos, estão nos cárceres israelitas.