Os livros estão mortos!
O conceito de livro está morto. A escrita não morreu. O design não morreu. A criatividade não morreu. Tem, sim, que ser reinventada.
Se calhar comecei mal... O quero dizer é que a ideia de livro está provavelmente morta. Em declínio. Em queda. Ninguém lê. E ninguém lê porquê? Porque não temos tempo. E porquê? Porque são publicados em média 52 livros por semana. 52 livros por semana perfaz um total de 2704 livros por ano. Se cada livro tiver em média 150 páginas, dá um total de 405600 páginas de caracteres para ler.
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Se calhar comecei mal... O quero dizer é que a ideia de livro está provavelmente morta. Em declínio. Em queda. Ninguém lê. E ninguém lê porquê? Porque não temos tempo. E porquê? Porque são publicados em média 52 livros por semana. 52 livros por semana perfaz um total de 2704 livros por ano. Se cada livro tiver em média 150 páginas, dá um total de 405600 páginas de caracteres para ler.
Volto a dizer: os livros, ou melhor, o conceito de livro está morto. A escrita não morreu. O design não morreu. A criatividade não morreu. Tem, sim, que ser reinventada.
Roubei estes números à Patrícia Reis, jornalista e editora da revista Egoísta, que os revelou numa entrevista à TSF. “52 por semana”, dizia ela.
“Um livro não serve para nada. Serve para mim. É meu.” É um acto umbilical, egoísta, criativo, mas solitário, sem público, acrescentaria eu. Nos dias que correm, ou da forma como nos corremos nos nossos dias, e a uma velocidade de 52 por semana, um livro está vazio de história. Os lançamentos são para os amigos e para a família, as vendas são para a família e para os amigos.
O presente da escrita, do design e da tecnologia associada à criatividade de parir um livro transformou-se. O presente mudou e o futuro, então, se eu me desse ao descaramento de adivinhar, havia muito para dizer. Muito para escrever. E escrever ao contrário de um livro, não em papel certamente.
Este número 52 quer dizer muito sobre nós. Nós, mundo, mas principalmente nós, profissionais da criação. Quem escreve terá que escrever de forma diferente e para formatos diferentes. Quem desenha já não vai desenhar capas. Irá desenhar numa dimensão digital, multimédia, tecnológica. E quem lê, já quase que só lê em suportes digitais. Veja-se a queda da tiragem dos jornais e veja-se a queda nas vendas desses mesmos jornais. São duas quedas na mesma variável.
A pergunta é se esse número 52 se deverá ou não manter. A pergunta é se podemos continuar a publicar como publicamos. A pergunta não é nem poderá nunca ser se devemos ou não escrever, se devemos os não parar de criar conteúdo, parar de criar imagens, parar de criar textos. Há que olhar para o mundo e reinventarmo-nos, porque o mundo já se reinventou e está ansiosamente a aguardar por nós.
Designer e Vice Director no IADE da Universidade Europeia