O mundo maravilhoso das estátuas de futebol

A maior está na Argentina e foi feita de chaves velhas, Pelé tem muitas no Brasil, duas na Índia e uma na Ucrânia, e Eusébio tem uma nos EUA igual à que está na Luz.

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Na cronologia dos feitos humanos, fazer estátuas é bem mais antigo do que jogar futebol, com uma diferença de dezenas de milhares de anos. Representações em três dimensões de figuras humanas, animais ou abstractas serão tão antigas como a própria espécie, qualquer jogo em envolva os pés e alguma espécie de objecto redondo ou oval é coisa para ter começado entre as civilizações da antiguidade (Grécia, Egipto, China) cerca de 2500 anos antes de Cristo. Estátuas de futebol são uma coisa bem mais recente, que foram aparecendo à medida que iam surgindo os primeiros heróis ou acontecimentos e, em menos de século e meio da versão moderna e regulamentada do futebol, cresceram como cogumelos um pouco por todo o mundo.

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Na cronologia dos feitos humanos, fazer estátuas é bem mais antigo do que jogar futebol, com uma diferença de dezenas de milhares de anos. Representações em três dimensões de figuras humanas, animais ou abstractas serão tão antigas como a própria espécie, qualquer jogo em envolva os pés e alguma espécie de objecto redondo ou oval é coisa para ter começado entre as civilizações da antiguidade (Grécia, Egipto, China) cerca de 2500 anos antes de Cristo. Estátuas de futebol são uma coisa bem mais recente, que foram aparecendo à medida que iam surgindo os primeiros heróis ou acontecimentos e, em menos de século e meio da versão moderna e regulamentada do futebol, cresceram como cogumelos um pouco por todo o mundo.

Tecnicamente, o busto de Cristiano Ronaldo no aeroporto Cristiano Ronaldo, na ilha da Madeira não é uma estátua. Pelo menos, não é considerado como tal pelo “The Sporting Statues Project”, um projecto criado em 2010 para fazer um mapa mundial das estátuas dedicadas ao desporto. Em rigor, não é de todos os desportos – não está nesta lista nenhuma das três estátuas de Rocky Balboa, sendo que uma delas está em Zitiste, uma pequena cidade no norte da Sérvia - e, mesmo no futebol, é provável que não esteja completo porque é construído de forma colaborativa.

O site tem uma base de dados de estátuas de críquete, de estátuas de basebol nos EUA e de tudo o que são estátuas desportivas no Reino Unido, mas a mais longa é a do futebol, que tem quase 800 entradasl, incluindo algumas estátuas cuja inauguração está planeada, outras que foram removidas e armazenadas e outras ainda que foram destruídas. A maior de todas está na Argentina, à beira do Estádio António Vespucio Liberti, em Bueno Aires, casa do River Plate, e homenageia um dos maiores ídolos da história do clube, Angel Labruna, avançado com 20 anos de carreira e quase 300 golos pelos “millonarios”, e treinador do clube com muitos títulos conquistados.

Conhecido como “El Feo”, Labruna está representado desde Novembro de 2015 numa estátua de bronze com 6,7m de altura e 6,3 toneladas de peso. Tudo começou com uma iniciativa de um sócio do River, que organizou entre os adeptos uma recolha de chaves velhas para obter o bronze que seria, depois, fundido e moldado. Mesmo com a matéria-prima sem custos, a obra acabou por custar 140 mil euros e demorou 27 meses a ser concluída. Mas o corpo metálico de Labruna não foi só feito de chaves. Um padre católico fanático do River ofereceu o sino da própria igreja.

Os Pelés no mundo

Argentina, Brasil e Inglaterra são os países com mais estátuas de futebol, o que não é surpreendente dada a veneração quase religiosa a tantos ídolos que lá nasceram. Pelé é quem tem mais estátuas (11) e a maioria (8) está, naturalmente, no Brasil, mas também há duas na Índia e uma na Ucrânia. Uma das estátuas indianas fica à entrada de um bairro de lata em Bangalore e é uma colorida obra feita de plástico reforçado com fibra de vidro, mas não está sozinha. No pedestal ao lado, está uma representação de Madre Teresa de Calcutá. Tal como os dois Pelés indianos, são muitos os exemplos de estátuas de futebol em sítios improváveis, mas fica aqui mais um exemplo. Aquela estátua que imortalizou a cabeçada de Zinedine Zidane a Marco Materazzi na final do Mundial 2006 e que estava em Paris, em frente ao museu George Pompidou? Mora agora no Qatar.

Algumas destas estátuas tiveram vida curta. Por exemplo, a que o Southampton dedicou a um seu antigo treinador, Ted Bates, foi de tal forma criticada pela sua desproporção, que o clube teve de a retirar e armazena-la. Outras foram destruídas, como a de George Weah, numa rua de Monrovia, na Libéria, destruída em 2005 – a ordem veio da presidente Ellen-Johnson Sirleaf justificada com a necessidade de fazer obras no bairro, sendo que, dois anos antes, o antigo avançado do AC Milan, fora seu adversário nas eleições. A que tinha sido dedicada a Gabriel Batistuta em Florença (onde era um ídolo) veio abaixo quando o argentino se mudou para a Roma em 2000.

Em Portugal, estão registadas oito entradas. Há duas que rivalizam em popularidade e alcance internacional, a de Cristiano Ronaldo na Madeira e a de Eusébio no Estádio da Luz – Bela Guttman e Miki Fehér também têm estátuas no recinto “encarnado”. Há uma réplica do monumento dedicado ao “Pantera Negra” do outro lado do Atlântico, em Massachusetts (EUA) à porta do Gillette Stadium, dos New England Revolution – oferecida ao clube por Vítor Batista, imigrante português em Boston, que também oferecera a estátua ao Benfica. Jacinto João também um monumento à porta do estádio onde teve os seu melhores dias – Bonfim – e o açoriano Pedro Pauleta tem uma estátua em Ponta Delgada. Mais inesperada é a estátua que existe em Vilamoura. Bobby Robson tem estátuas em Newcastle e Ipswich, mas também tem uma num resort de golfe.